Aquarela de Euardo Arigony
11) Aceitar-se livremente
como membro de uma comunidade que tem a língua, a história e o trabalho como
base comum da sua solidariedade;
22) Exigir dos outros o mesmo
que se exige de si, ou seja, a garantia da sobrevivência, da educação, da saúde
e de uma velhice digna;
33) Participar ativamente das
tarefas essenciais de uma sociedade constituída por um pacto: defesa do
patrimônio comum, luta pelo acréscimo do mesmo, porém jamais a expensas do que
é devido aos mais frágeis, aos marginalizados, às crianças e aos velhos;
44) Exercer o direito de voto
de uma forma lúcida, de modo a afastar os oportunistas, os vigaristas, os
vaidosos e os cobiçosos;
55) Reconhecer, ao menos
implicitamente, que toda autoridade é um serviço, e que deriva de um Ser
Transcendental, pouco importa o nome que se lhe dê. Para mim, sem a admissão,
ao menos implícita, dessa realidade, não há cidadania que resista ao assédio da
incorrigível tendência humana ao egoísmo e à megalomania.
Primavera
Por que será que penso nos teus lábios
quando avisto, em quintais, limões maduros?
Serão eles, dobrados sobre os muros,
Livreiros que esquadrinham alfarrábios?
Ou hão de perecer polidos cabos
Rumorejando sobre os ares puros?
Eu sempre penso nos limões: dourados,
Guardam-se incorruptíveis, e fechados.
Guardam-se incorruptíveis, e fechados.
Extraídos de A dança do fogo. Porto Alegre: Artes e Ofícios,
2001.
*Armindo Trevisan (Santa Maria, 1933) é teólogo,
poeta,
crítico
de arte
e ensaísta
brasileiro,
tendo obras traduzidas em várias línguas, especialmente alemão, italiano,
espanhol e inglês.
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