Apparício Torelly, o Barão de
Itararé, ficou preso na Casa de Detenção, na rua Frei Caneca, no Rio de
Janeiro, de 21 de março de 1936
a dezembro de 1936. Da sua cela, Apporelly confortou os
companheiros (presos políticos), inquietos a respeito do que os esperava. Todo
o seu otimismo baseava-se na sua “Teoria das duas probabilidades”. Ali onde
eles estavam não havia motivo para receio, explicava.
Que poderia acontecer?
Duas coisas: ou seriam postos em
liberdade ou continuariam presos.
Se fossem soltos, muito bem, era
o que queriam.
Se os deixassem na prisão,
permaneceriam sem processo ou com processo.
Se não fossem processados,
melhor: poderiam ser soltos mais tarde.
Se processados, seriam julgados
e, portanto, absolvidos ou condenados.
Se fossem absolvidos, ótimo.
Se fossem condenados, seriam
condenados à prisão ou então à morte.
Se ficassem na prisão, melhor:
descansariam algum tempo à custa do governo e iriam para a rua. Mas se fossem
condenados à morte, seriam indultados ou fuzilados.
Se fossem indultados, excelente,
não teriam com que se preocupar.
Mas se fossem fuzilados, ótimo,
porque também não teriam mais com que se preocupar.
A Rádio Libertadora
A “rádio” era gritada para as
galerias, era um artifício para manter o moral elevado, circular informações ou
simplesmente se distrair. Assim todas as noites, após o jantar, eles (os presos
políticos) ouviam um dos presos, o médico Campos da Paz Jr., eleito speaker devido à sua voz possante,
anunciar cada emissão com o slogan criado pelo Barão: “Agrade ou não agrade,
todos à grade para ouvir a PR-ANL – A Voz da Liberdade.” A emissora, ainda
segundo Apporelly, transmitia em grande potência: “1.600 velocípedes.”
Organizados, os presos formavam uma
comunidade ativa e procuravam preencher seus dias com exercícios físicos,
debates políticos e conferências. Datas históricas eram celebradas e comícios
aconteciam sobre palanques improvisados. Soldados eram alfabetizados e aulas de
todo tipo eram dadas.
Do livro “Entre sem
bater – a vida de Apparício Torelly –
O Barão de Itararé”
O Barão de Itararé”
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