quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Barão na Casa de Detenção




Apparício Torelly, o Barão de Itararé, ficou preso na Casa de Detenção, na rua Frei Caneca, no Rio de Janeiro, de 21 de março de 1936 a dezembro de 1936. Da sua cela, Apporelly confortou os companheiros (presos políticos), inquietos a respeito do que os esperava. Todo o seu otimismo baseava-se na sua “Teoria das duas probabilidades”. Ali onde eles estavam não havia motivo para receio, explicava.

Que poderia acontecer?

Duas coisas: ou seriam postos em liberdade ou continuariam presos.
Se fossem soltos, muito bem, era o que queriam.
Se os deixassem na prisão, permaneceriam sem processo ou com processo.
Se não fossem processados, melhor: poderiam ser soltos mais tarde.
Se processados, seriam julgados e, portanto, absolvidos ou condenados.
Se fossem absolvidos, ótimo.
Se fossem condenados, seriam condenados à prisão ou então à morte.
Se ficassem na prisão, melhor: descansariam algum tempo à custa do governo e iriam para a rua. Mas se fossem condenados à morte, seriam indultados ou fuzilados.
Se fossem indultados, excelente, não teriam com que se preocupar.
Mas se fossem fuzilados, ótimo, porque também não teriam mais com que se preocupar.

A Rádio Libertadora

A “rádio” era gritada para as galerias, era um artifício para manter o moral elevado, circular informações ou simplesmente se distrair. Assim todas as noites, após o jantar, eles (os presos políticos) ouviam um dos presos, o médico Campos da Paz Jr., eleito speaker devido à sua voz possante, anunciar cada emissão com o slogan criado pelo Barão: “Agrade ou não agrade, todos à grade para ouvir a PR-ANL – A Voz da Liberdade.” A emissora, ainda segundo Apporelly, transmitia em grande potência: “1.600 velocípedes.”

Organizados, os presos formavam uma comunidade ativa e procuravam preencher seus dias com exercícios físicos, debates políticos e conferências. Datas históricas eram celebradas e comícios aconteciam sobre palanques improvisados. Soldados eram alfabetizados e aulas de todo tipo eram dadas.

Do livro “Entre sem bater – a vida de Apparício Torelly –
O Barão de Itararé”








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