segunda-feira, 9 de maio de 2016

O primeiro baitola do Brasil



Francis Reginald Hull, o conhecido Mr. Hull, primeiro baitola cearense

A origem da palavra "baitola"

Quem nunca ouviu o palhaço Tiririca chamar algum companheiro de cena pela alcunha de “Baitola”?

Na linguagem coloquial, baitola, viado e gay têm o mesmo significado: trata-se de um homossexual.

A palavra “baitola” surgiu no Ceará, nas primeiras décadas do século 20. Vamos à história.

Por volta de 1913, chegou ao Ceará o inglês de nome Francis Reginald Hull, o conhecido Mr. Hull (pronuncie-se mister ráu), que deu o nome a uma famosa avenida na cidade de Fortaleza-CE.

Mr. Hull fora designado superintendente de uma Rede Ferroviária no Ceará e passou, em muitas situações, a fiscalizar algumas obras de construção e reparo na própria Ferrovia.

Mr. Hull era homossexual assumido. Quando ia pronunciar a palavra “bitola”, que significa a distância entre dois trilhos, pronunciava “baitôla”. Quando ele se aproximava de onde estavam os trabalhadores, estes, que não gostavam do modo como eram tratados pelo chefe, diziam:

“Lá vem o baitola! Lá vem o baitola!”. 

A partir daí passou-se a associar a palavra baitola ao homossexualismo masculino.

Paulo Santos

A curiosa história do inglês ‘baitola’

Sérgio Rodrigues

Sobre palavras - Veja Colunistas

A lenda que se apresenta hoje, sobre a origem do brasileirismo chulo “baitola” (“homossexual passivo”, na definição do Houaiss), é diferente das que costumam ser examinadas neste espaço. Não pode ser sumariamente desmistificada, pela razão simples de que não há sombra de tese alternativa para explicar a origem da palavra. Tampouco pode ser confirmada, devido à ausência de fontes documentais.

Vamos a ela: a palavra baitola (também se usa “baitolo”), existente no português brasileiro desde o século XIX, teria surgido como gozação a um engenheiro inglês homossexual que, chefiando a construção de uma via férrea no Brasil, chamava assim, com pronúncia anglófona, a bitola da ferrovia, isto é, a distância entre os trilhos.

Em seu “Dicionário do Nordeste”, Fred Navarro apresenta a seguinte abonação, tirada do livro “Miséria e grandeza do amor de Benedita”, de João Ubaldo Ribeiro: “Costurar e lavar roupa, por exemplo, só quem faz bem é mulher ou baitola, isto é de reconhecimento universal”.

Que se trata de uma lenda, algo que circula de boca em boca e constitui a tal “voz do povo”, é inegável. Difícil dizer se tem um fundo de verdade, mas pelo menos sabemos estar diante de uma pepita genuína de “sabedoria popular” e não de uma descarada contrafação internética.


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