Francis Reginald
Hull, o conhecido Mr. Hull, primeiro baitola cearense
A origem da palavra "baitola"
Quem nunca ouviu o palhaço Tiririca
chamar algum companheiro de cena pela alcunha de “Baitola”?
Na linguagem coloquial, baitola,
viado e gay têm o mesmo significado: trata-se de um homossexual.
A palavra
“baitola” surgiu no Ceará, nas primeiras décadas do século 20. Vamos à
história.
Por volta de 1913, chegou ao Ceará o
inglês de nome Francis Reginald Hull, o conhecido Mr. Hull (pronuncie-se mister
ráu), que deu o nome a uma famosa avenida na cidade de Fortaleza-CE.
Mr. Hull fora designado
superintendente de uma Rede Ferroviária no Ceará e passou, em muitas situações,
a fiscalizar algumas obras de construção e reparo na própria Ferrovia.
Mr. Hull era homossexual assumido. Quando
ia pronunciar a palavra “bitola”,
que significa a distância entre dois trilhos, pronunciava “baitôla”. Quando ele se aproximava de onde estavam os
trabalhadores, estes, que não gostavam do modo como eram tratados pelo chefe,
diziam:
“Lá vem o
baitola! Lá vem o baitola!”.
A partir daí passou-se a
associar a palavra baitola ao homossexualismo masculino.
Paulo Santos
A curiosa história do inglês ‘baitola’
Sérgio Rodrigues
Sobre palavras - Veja
Colunistas
A lenda que se apresenta hoje, sobre a origem
do brasileirismo chulo “baitola” (“homossexual passivo”, na definição do
Houaiss), é diferente das que costumam ser examinadas neste espaço. Não pode
ser sumariamente desmistificada, pela razão simples de que não há sombra de
tese alternativa para explicar a origem da palavra. Tampouco pode ser
confirmada, devido à ausência de fontes documentais.
Vamos a ela: a palavra baitola (também
se usa “baitolo”), existente no português brasileiro desde o século XIX, teria
surgido como gozação a um engenheiro inglês homossexual que, chefiando a
construção de uma via férrea no Brasil, chamava assim, com pronúncia anglófona,
a bitola da ferrovia, isto é, a distância entre os trilhos.
Em seu “Dicionário do Nordeste”, Fred
Navarro apresenta a seguinte abonação, tirada do livro “Miséria e grandeza do
amor de Benedita”, de João Ubaldo Ribeiro: “Costurar e lavar roupa, por
exemplo, só quem faz bem é mulher ou baitola, isto é de reconhecimento
universal”.
Que se trata de uma lenda, algo que
circula de boca em boca e constitui a tal “voz do povo”, é inegável. Difícil
dizer se tem um fundo de verdade, mas pelo menos sabemos estar diante de uma
pepita genuína de “sabedoria popular” e não de uma descarada contrafação
internética.
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