Oportunidade
Walter Malone
(1866-1915)
Ofende-me os que dizem que não
voltarei.
Porque bati à tua porta e não
te encontrei;
Porque todas as noites
permaneço à tua porta,
E ordeno que despertes e te
ergas para lutar e vencer.
Não chores pelas preciosas
chances que passaram;
Não chores pela idade de ouro
que se foi;
Todas as noites queimo o
registro do dia;
Ao erguer do sol todas as almas
nascem de novo.
Ri como um menino aos
esplendores que passaram.
Às alegrias que se esvaíram sê
surdo e mudo.
O meu julgamento sela o passado
que morreu,
Mas nunca prende um momento
ainda por vir.
Mesmo afundado na lama, não
torças as mãos nem chores.
Dou o meu braço a todos que
dizem: “Eu posso!”
Nenhum pária algum dia caiu tão
baixo
Que não pudesse erguer-se e ser
um homem novamente!
Lastimas a mocidade perdida?
Hesitas em desfechar um golpe
merecido?
Volta-te então dos arquivos
pegados do passado,
E encontrarás as brancas
páginas do futuro.
Choras uma pessoa amada?
Liberta-te da magia;
És um pecador?
O pecado tem perdão;
Cada manhã te dá asas com que
voar do inferno,
Cada noite uma estrela para te
guiar aos céus.
Oração
ao otimismo
Para
cada existência pela morte ceifada, outros nascimentos são à vida lançados.
Para cada velhice inevitada,
várias infâncias prometedoras estão lançadas.
Para cada despedida lacrimosa,
uma centena de encontros langorosos.
Para cada doença desenganada, as
curas são cada vez mais prodigiosas.
Para cada soluço de desânimo, mil
gestos de entusiasmo extravasados.
Para cada paixão desesperada,
esplêndidos pactos de amor serenizados.
Para cada fracasso amedrontado,
um punhado de triunfos consagrados.
Para cada desistência
estremunhada, tantos impulsos de ração encorajada.
Para cada ajuda sonegada, uma
vintena de amparos desinteressados.
Para cada recusa glacial, uma
cascata de esmolas incessadas.
Para cada frustração inesperada,
empilham-se êxitos merecidos.
Para cada desaforo encarado,
caudais de palavras consoladoras.
Para cada brutalizada desventura,
um cento de bálsamos de candura.
E para cada um esgar de amargor,
catadupas de promessas de amor.
(1939-2017)
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