Carmen
Figuatum denominava para os latinos o que technopaignion denominava para os
gregos: qualquer composição poética em que a disposição gráfica do texto
acompanha a forma do sujeito a que ele se refere.
Fagundes Varela (1841-1875), poeta
romântico com todas as mazelas próprias do movimento, foi, porém, autor de
alguns (poucos) belos poemas, entre os quais sobreleva o seguinte carmen figuratum:
Estrelas
singelas,
luzeiros,
fagueiros
esplêndidos orbes,
que o mundo aclarais!
Desertos
e mares − florestas vivazes!
Montanhas
audazes que o céu topetais!
Abismos
profundos,
cavernas
externas,
extensos,
imensos
espaços
a z u i s!
Altares e tronos,
humildes e sábios,
soberbos e grandes!
Dobrai-vos
ao vulto sublime da cruz!
Só ela nos mostra da
glória o caminho,
Só ela
nos fala das leis de Jesus!
A
forma e o conteúdo
O poema seguinte, “A taça”, é de
Hermes Fontes e foi publicado em seu livro Apoteose, de 1908:
Pouco acima daquela
alvíssima coluna
que é o seu pescoço,
a boca é-lhe uma taça tal
que, vendo-a, ou,
vendo-a, sem, na realidade, a ver,
de espaço a espaço, o
céu da boca se me enfuna
de beijos – uns,
sutis, em diáfano cristal
lapidados na oficina
do meu Ser;
outros – hóstias
ideais dos meus anseios,
e todos cheios, todos
cheios
do meu infinito
amor...
Taça
que encerra
por
suma graça
tudo que a terra
de bom
produz!
Boca!
o dom
possuis
de pores
a minha boca!
taça
de astros e flores,
na qual
esvoaça
meu ideal!
Taça cuja embriaguez
na via-láctea do
sonho ao céu conduz!
Que me enlouqueças
mais... e, a mais e mais, me dês
o teu delírio... a
tua chama... a tua luz...
(1888-1930)
Hermes Fontes
(1888-1930)
Hermes Floro Bartolomeu Martins
de Araújo Fontes (Buquim, Sergipe, 28 de agosto de 1888 – Rio de Janeiro, a 25
de dezembro de 1930) foi um compositor e poeta brasileiro.
Fundou o jornal Estreia, com
Júlio Surkhow e Armando Mota, em 1904, no Rio de Janeiro. Formou-se bacharel em
direito em 1911, mas não exerceu a profissão. De 1903 ao final da década de
1930 colaborou em periódicos como os jornais Fluminense, Rua do Ouvidor,
Imparcial, Folha do Dia, Correio Paulistano, Diário de Notícias e as revistas
Careta, Fon-Fon!, Tribuna, Tagarela, Atlântida, entre outras. Foi também
caricaturista do jornal O Bibliógrafo. No período, trabalhou como funcionário
dos Correios e oficial de gabinete do ministro da Viação.
Em 1913 publicou seu primeiro
livro de poesia, Gênese. Seguiram-se Ciclo da Perfeição (1914), Miragem do
Deserto (1917), Microcosmo (1919), A Lâmpada Velada (1922) e A Fonte da Mata...
(1930), entre outros. A poesia de Hermes Fontes é de estética simbolista.
Fonte da biografia:
Wikipédia
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