Inaugurado em 1939 com uma chuva de
papel picado atirado de um avião, o Cinema Castelo fechou em 1980, e foi
demolido em 1981, seguindo a sina da maioria das salas de exibição de rua de
Porto Alegre.
Leia abaixo um texto
publicado em Zero Hora
O Cinema Castelo, na Avenida Azenha
de Porto Alegre, ficou na história da cidade não apenas por ter sido o palco do
programa Maurício Sobrinho, que era a celebração dominical obrigatória nos anos
50 e 60. Com seus 2.997 lugares, atraía espectadores de todas as idades para as
sessões de cinema que projetavam os lançamentos de sucessos. Francisco Carlos
S. da Silva, autor do bico de pena que ilustra esta página, lembra com saudades
de uma infância e adolescência marcada pelos filmes do Castello. Eram duas
fitas distintas em duas sessões diárias, uma às 14h, outra às 18h. Às segundas,
terças, quintas e sextas-feiras projetavam-se dois filmes. Nas quartas, sábados
e domingos eram outros dois.
(...)
E era nessas
sessões duplas que faziam sucesso os bangue-bangue e italianos.
(Texto do Almanaque
Gaúcho – Zero Hora – 3.7.2009)
Vou fazer alguns reparos no texto
acima, uma vez que o Castelo foi o primeiro cinema da minha vida e onde aprendi
amar essa que, para mim, é a minha melhor forma de entretenimento.
Eu morava perto do Castelo e, quando
tinha seis ou sete anos, não me lembro bem, um garoto de minha idade, o mais
cara-de-pau, deu a ideia: “Vamos furar o Castelo!” Não houve muito papo, e ele
se mandou para a frente do cinema, seguido por cinco garotos da mesma idade. Eu
era o segundo da fila. A sessão dominical começava às 14h; eram 13h50min, e
Negão, o líder da turma, passou batido pelo porteiro, que só olhou, incrédulo, para
aqueles garotos que entraram resolutos no cinema. O primeiro filme, se não me
engano, era o desenho animado “Branca de Neve e os Sete Anões”. Hoje, creio que
entendo o que ocorreu. Antes do filme começar, era comum muitos garotos saírem
para comprar pipoca e voltar para dentro do cinema. Nunca que um porteiro, cara
vivo e escolado na manha dos furões, iria acreditar que estava sendo passado
pra trás por cinco garotos daquela idade, e foi o que aconteceu: ele foi
passado pra trás!
Creio que o nome do cinema, no artigo
de ZH, esteja errado (Castello). A frente do cinema tinha a forma de um castelo,
por isso Cine Castelo. As sessões ocorriam às 14 e 20h (e não às 18h), sendo que
os filmes de segunda, terça e quarta eram uns; quinta, sexta, sábado e domingo outros
dois filmes diferentes. Na sessão de domingo, além dos dois filmes de ação
(quase sempre capa-espada ou de mocinho). Havia um desenho animado e um pequeno filme com “Os
três Patetas”. Sempre se disse que o Castelo tinha 3.500 lugares. Havia, ao
redor da parte de baixo, um mezanino que fazia toda a volta no cinema e, na parte
do fundo, era mais alta e com mais lugares. As cadeiras eram de madeira, e, quando
havia um corte no filme, todos batiam com os assentos no espaldar das cadeiras,
o que fazia um barulho ensurdecedor.
Quase defronte ao Cine
Castelo ficava a 2ª Delegacia de Polícia. As sessões da tarde estavam sempre
lotadas de vagabundos. Às vezes, os policiais faziam um corredor da frente do
Castelo até a entrada da DP. Quem não tivesse carteira assinada, ou carteira de
estudante, e ainda que não estivesse sendo procurado pela polícia, ficava detido por algumas horas.
Uma vez por ano, passava um filme
educativo sobre doenças venéreas. À tarde era só para mulheres. À meia-noite,
uma sessão só para homens. Nesses filmes, em algumas cenas, apareciam algumas
mulheres nuas (sempre gordas e doentes), o que provocava um grande alvoroço na
rapaziada. Entrei de terno e gravata para aparentar mais idade, quando tinha 16
anos. Era uma zorra total! Assovios, palavrões, uma catarse geral, pois era uma
forma para berrar, num cinema, toda a sorte de impropérios e não ser punido.
Nilo S. Moraes
Conforme Sérgio da Costa Franco, o
bairro ganhou relevo no romance de Josué Guimarães, “Camilo Mortágua”, cujo
principal personagem residiu, durante algum tempo, numa casa de cômodos
fronteira ao antigo Cinema Castelo. Este cinema, aliás, foi considerado o maior
da história de Porto Alegre, com mais de 3 mil lugares. O bairro Azenha foi
criado pela Lei 2022 de 7/12/59, com limites alterados pela Lei 4685 de
21/12/79. Trata-se de um bairro que é uma das principais vias de passagem de
Porto Alegre, possuindo um forte comércio, especialmente com relação às lojas
de autopeças. Situa-se, no bairro, um dos mais antigos hospitais da cidade, o
Ernesto Dornelles, inaugurado em 1962, localizado entre a Avenida Ipiranga e Rua
Freitas de Castro, em uma área de 11 mil quadrados.
Saudade do Castelo.
ResponderExcluirMarcou uma geração.
Inesquecíveis lembranças ...
Sou da familia Castello,o nome do cienma eranpor causa do sobrenomme Castello q e com dois LL
ResponderExcluirCorreta a sua observação.
ResponderExcluirMorávamos na rua Bernardo Pires esquina com a Princesa Isabel eu meu irmão era nosso passeio de domingo cinema Castelo, Roma éramos felizes 👏👏
ResponderExcluirCastelo, Roma, Oásis... quem, dessa época, não feliz num desses cinemas?
ExcluirEu ia muito com a minha mãe. No Castelo e no Roma. Quanta saudade
ExcluirDois grandes cinemas que fizeram uma geração muito feliz...
ExcluirTeve até baile do jara ali , não foi demolido em 81 ,e sim depois nos anos 90
ResponderExcluirVerdade... Sou de 1980 e muito peguei ônibus na frente do Cine Castelo. Lembro até de inaugurar uma casa de show no local. Impossível ele ter sido demolido em 1981.
ResponderExcluirA Casa de Show ficava na parte da frente do Castelo, subindo uma escada para o primeiro andar.
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