Telmo de Lima Freitas
Gaúcho por Percy Lau
Sou rancho beira de estrada,
feito de leiva e capim.
Sou nota de uma esperança na
garganta de um clarim.
Sou alma de peão de estância, cantando dentro de mim. (repete)
Sou sobra de muitas guerras,
sou pátria na cor dos panos.
Sou flete que traz pasteiras e
arreios republicanos.
Sou vento, chuva e mormaço, sou cerne de muitos anos. (repete)
Sou grito do quero-quero,
ronda de muitas manhãs.
Na fralda de alguma várzea,
sou garganta dos tacãs.
Sou noite de pirilampo, sou canto triste das rãs. (repete)
Sou ringido de cancela na
beira do corredor.
Sou peão repontando a tropa
no estalo arreador.
Sou mão que joga e que canta seus trinta e oito de flor. (repete)
Sou pregão de quitandeiro,
vendendo doce e pastel.
Sou mugido de boi manso, sou
relincho, sou tropel.
Sou sino do Sete Povos nas torres de São Miguel. (repete)
Sou o velho Uruguai, batismo
de muita lança e fuzil.
De longas melenas brancas,
ora manso, ora hostil.
Pedaço de céu tranqueando entre Argentina e Brasil. (repete)
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