quarta-feira, 3 de abril de 2024

Herança

 Telmo de Lima Freitas

Gaúcho por Percy Lau 

Sou rancho beira de estrada, feito de leiva e capim.

Sou nota de uma esperança na garganta de um clarim.

Sou alma de peão de estância, cantando dentro de mim. (repete) 

Sou sobra de muitas guerras, sou pátria na cor dos panos.

Sou flete que traz pasteiras e arreios republicanos.

Sou vento, chuva e mormaço, sou cerne de muitos anos. (repete) 

Sou grito do quero-quero, ronda de muitas manhãs.

Na fralda de alguma várzea, sou garganta dos tacãs.

Sou noite de pirilampo, sou canto triste das rãs. (repete) 

Sou ringido de cancela na beira do corredor.

Sou peão repontando a tropa no estalo arreador.

Sou mão que joga e que canta seus trinta e oito de flor. (repete) 

Sou pregão de quitandeiro, vendendo doce e pastel.

Sou mugido de boi manso, sou relincho, sou tropel.

Sou sino do Sete Povos nas torres de São Miguel. (repete) 

Sou o velho Uruguai, batismo de muita lança e fuzil.

De longas melenas brancas, ora manso, ora hostil.

Pedaço de céu tranqueando entre Argentina e Brasil.  (repete)


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