Canção de Gildo de Freitas
Eu destinei um passeio,
Domingo muito cedinho,
Peguei o meu violão
E fui pro mato sozinho.
Descobri uma figueira
Com os galhos cheios de ninho
E passei a manhã inteira
Embaixo desta figueira,
Apreciando os passarinhos.
Como eu tava achando lindo
O viver dos passarinhos!
Se via perfeitamente
Vir com a fruta no biquinho.
Se via quando eles davam
No bico do filhotinho
E eu ali estava entretido,
Com o viver tão divertido,
Da vida desses bichinhos.
Depois veio um negro velho,
E também trazia um negrinho,
E este tinha uma gaiola
E dentro dela um bichinho.
Perguntei que bicho é esse,
Diz ele este é um canarinho,
Com este bicho que está aqui,
Nas florestas por aí,
Eu caço qualquer passarinho.
Cantava que redobrava
Aquele pobre bichinho,
Parece até que dizia:
É triste eu viver sozinho...
Só porque eu fui procurar
Comida para os filhotinhos...
Fui tirar desse alçapão...
Hoje estou nesta prisão
E nunca mais fui no meu ninho.
Aí eu fui recordando
O que já me aconteceu
Há muitos anos atrás
Que a polícia me prendeu.
O juiz me condenou
E depois de mim se esqueceu
E eu, pelo o rádio escutava,
Quando os colegas cantava
E aquilo me comoveu.
Então eu fui perguntando
Quanto quer pelo bichinho.
Respondeu: ele eu não vendo
Eu cacei para o meu filhinho.
Porém saiu uma voz
Da boca do gurizinho:
A gaiola custou dez
Quem me der 20 mirréis
Pode levar o passarinho.
Comprei com gaiola e tudo
Para evitar discussão
E fui abrindo a portinha
E abrindo o meu coração.
E o bichinho foi saindo,
E eu peguei meu violão
E num versinho, eu fui dizendo
O que tu estavas sofrendo,
Eu já sofri na prisão.
Quem vai caçar de gaiola
Pra ver os bichos na grade,
Deveria ser punidos
Pelas mesmas autoridade.
Porque o coração dos bichos
Também consagrou amizade,
Lei, tu faça o que puder,
Mas os bichos também quer
Ter a mesma liberdade!
PS: Música gaúcha que emocionou Matteus, o Alegrete, finalista do BBB-24 da TV
Globo.
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