Noam Chomsky*
02. Criar problemas e depois
oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-reação-solução”.
Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no
público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam que sejam aceites.
Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou
organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem pede leis
de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise
econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos
direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.
05. Dirigir-se ao público como se
fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande
público utiliza discursos, argumentos, personagens e entoação particularmente
infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse
uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem
enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se
alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão de
fatores de sugestão, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou reação
também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras
tranquilas”)”.
06. Utilizar o aspecto emocional
mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica
para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido
crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional
permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar
ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
07. Manter o público na
ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender
as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A
qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais
pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeia
entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e
permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras
tranquilas”).
08. Estimular o público a ser
complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser
estúpido, vulgar e inculto.
09. Reforçar a autoculpabilidade.
Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido
a pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de
revoltar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvaloriza e se
culpabiliza, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição
de agir. E sem ação, não há revolução!
10. Conhecer os indivíduos melhor
do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços
acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do
público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia,
à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um
conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no
psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a
si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um
controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos
indivíduos sobre si mesmos.
*Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 7 de dezembro de 1928) é um linguista, filósofo,
cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano,
reverenciado em âmbito acadêmico como "o pai da linguística moderna",
também é uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica.
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