Frei Santa Rita Durão
No dia 13 de março de 1531, os navios
de Martim Afonso chegaram à baía de Todos os Santos, local bem conhecido pelos
portugueses. Lá, a expedição encontrou um náufrago que vivia há mais de 20 anos
no Brasil. Os índios o chamavam de Caramuru e ele iria se tornar uma
figura-chave na história colonial do Brasil. O Caramuru estava casado com a
índia Paraguaçu – com a qual tinha vários filhos. Paraguaçu era filha do
principal chefe guerreiro da região e, graças ao casamento, Caramuru havia
adquirido posição proeminente entre os Tupinambá da Bahia.
O lugar de destaque e o respeito dos
Tubinambá por Caramuru se manteriam por muito tempo. Tanto é que, 18 anos mais
tarde, foi graças à sua presença – e às boas relações que ele mantinha com os
nativos – que Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil, decidiu se
instalar justamente na Bahia e fundar ali, em maio de 1549, a primeira capital do
Brasil, Salvador.
Não se sabe exatamente quando o navio
do Caramuru naufragou na Bahia. De acordo com seu próprio relato, o naufrágio
se dera em 1509 ou 1510. Aparentemente, apenas ele sobreviveu do desastre que
vitimou toda a tripulação. Os fatos que se seguiram ao naufrágio seriam
envoltos em lenda depois que frei José de Santa Rita Durão escreveu o poema
épico Caramuru, em 1781. Muitas das
informações referentes à vida e à obra do misterioso náufrago foram extraídas
dessa obra de ficção e, partir de então – e até hoje –, tratadas como fatos
históricos.
O Caramuru se chamava Diogo Álvares
Correia e nascera em Viana, norte de Portugal. A própria origem do apelido foi
romantizada por Santa Rita Durão. Segundo o frei, “Caramuru” queria dizer
“Dragão Saído do Mar” ou “Homem do Trovão”. O real significado da palavra, porém,
parece ser “moreia”, espécie de enguia – peixe-elétrico que dá “choque”. Ao ser
visto pelos nativos, entre as rochas, após o naufrágio, Diogo Correia teria
disparado seu mosquete para o ar, apavorando os indígenas. “Como a moreia é um
peixe comprido e fino como a espingarda, e faz estremecer e fere, assim os
nativos batizaram seu portador”, escreveu o historiador Francisco Varnhagen em
1854. Outros pesquisadores, porém, acham que a palavra provém de “caray-muru”,
que significa “homem branco molhado”.
(...)
Apesar de seu poder e de sua amizade
com os nativos, Caramuru não conseguiu impedir a revolta dos Tupinambá contra
os colonos escravagistas, que vieram com Francisco Pereira Coutinho. Esse
conflito eclodiu por volta de 1545 –, e nele foi morto o próprio donatário.
Poupado do massacre, Caramuru prestaria grande auxílio ao governador Tomé de
Sousa, de 1549 até 1553. Ele morreu com quase 70 anos, em 5 de outubro de 1557.
(Do livro “Náufragos,
Traficantes e Degredados”, de Eduardo Bueno)
Não sei qual é a verdadeira definição de Caramuru, o que eu sei é que este era o nome do meu time de futebol da minha infância, e pra mim era o melhor, esse nome me trás belas e saudosas recordações.
ResponderExcluir