sábado, 12 de agosto de 2017

Para gostar de ler

10 Obras-primas da Literatura Contemporânea

Por Sergius Gonzaga


01. Morte em Veneza (1914) – Thomas Mann → Novela magnífica por sintetizar o drama histórico – a decadência da velha elite burguesa europeia em véspera da Primeira Guerra – e o drama individual – o professor Gustav Von Aschenbach, homem voltado para o espírito, a filosofia e o ideal do sublime é atormentado pelo desejo ilícito. Toda a ação transcorre em uma Veneza degradada pela peste.

02. A metamorfose (1915) – Franz Kafka → Soberba manifestação da literatura fantástica, em que a transformação de Gregório Samsa em um monstruoso inseto admite as mais variadas interpretações. Relato metafórico da inadaptação de Kafka ao universo familiar? Ou o símbolo de sua incapacidade de integra-se ao mundo cotidiano e ao sistema? Emblema da alienação humana? Registro da brutalidade do universo sobre o indivíduo? Voz subversiva contra a realidade criada por Deus? Antecipação do destino dos judeus no nazismo? Cada leitor resolve o enigma à sua maneira.

03. O oficial prussiano (1915) – D. H. Laurence → Breve novela centrada na homossexualidade reprimida de um oficial do exército prussiano, que desenvolve a paixão interdita por seu ordenança e incapaz de assumi-la, tortura o jovem soldado. E esta paixão ilícita jamais é referida explicitamente na obra, o que torna o texto um primor de sugestão e ambiguidade.

04. O grande Gatsby (1925) – Scott Fitzgerald → Tocante narrativa sobre o sonho desenfreado de um jovem pobre que persegue o amor de uma moça burguesa, tornando-se milionário de modo suspeito, mas sem entender as concepções de vida dos ricos e, por isso, sendo destruído. Tudo sob o olhar de um narrador recém-chegado do Meio Oeste, que também realiza sua aprendizagem de vida.

05. Contos (1927) – Ernest Hemingway → Relatos cujo eixo gira sobre a violência e a capacidade do homem em superar o medo do mundo e da morte, escritos em linguagem despojada e elíptica. Essa linguagem serviu de inspiração a centenas de ficcionistas no mundo inteiro. Entre nós, Rubem Fonseca.

06. Chão em chamas (1953) – Juan Rulfo → Formidável conjunto de contos, em que o escritor mexicano renova a linguagem e a visão de mundo do velho realismo social (quase sempre rasteiro e populista), produzindo pequenas obras-primas em série sobre um México rural, miserável e sanguinolento.

07. El Aleph (1957) – Jorge Luis Borges → Dezoito contos, em sua maioria obras-primas do gênero, com os temas dominantes do universo de Borges: as fantasias metafísicas sobre o tempo e o espaço, a discussão literária ou filosófica sob a forma de narrativas irônicas, a ideia de que um único ato revela o destino do homem e a retomada do passado sob o signo da violência.

08. A guerra do fim do mundo (1981) – Mario Vargas Llhosa → Considerado por muitos críticos europeus, o melhor romance histórico do século XX, resulta de uma (re) leitura da Guerra de Canudos, via Os sertões, de Euclides da Cunha. Povoando-a de personagens inesquecíveis, o autor peruano mostra a cegueira mútua que alimentou o horror do conflito.

09. O amor nos tempos do cólera (1985) – Gabriel Garcia Márquez → O mais poético e original romance de amor escrito nos últimos cem anos. Nele se cristalizam os motivos reiterados e o estilo lírico e hiperbólico do autor colombiano. As cenas finais, o amor realizado em meio a um rio de cadáveres, são extraordinárias.

10. O animal agonizante (2001) – Philip Roth → Provavelmente o maior escritor americano, Roth investiga nesta narrativa – pungente e brilhante – a velhice, a doença, a luta pelo sucesso e o absurdo da condição humana. Como em outros relatos, as pulsões sexuais tornam-se contraditórias arma de protesto contra a passagem dos anos e alienação da vida cotidiana na América. 



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