domingo, 27 de agosto de 2017

A história de uma canção


A história da vida e de uma música de Dolores Duran


Dolores Duran, nome artístico de Adiléa da Silva Rocha e conhecida no meio artístico como “bochechinha”, carioca, nascida em 1930, filha de um sargento da Marinha, começou ainda menina a atuar em programas infantis, onde desenvolveu sua aptidão musical; e desde os três anos de idade ela já cantava.

Por ter uma saúde um pouco frágil, consultou um médico que, após exames, constatou que a vida a artista levava não era compatível com o seu corpo. Ela era cardíaca, pois nascera com um sopro no coração. Ao saber disso, que poderia ter uma vida curta, aí mesmo que a artista resolveu viver sua vida intensamente.

Cantava em boates cariocas todas as noites até de manhã. Amou com muita intensidade, mas teve uma vida uma vida curta, morreu aos 29 anos de idade.

Ao chegar ao amanhecer, ao seu apartamento, em Copacabana, avisou à empregada: “Estou tão cansada que vou dormir até morrer...”. E, realmente, morreu dormindo.

Um casal, seus amigos, morreu num trágico acidente deixando uma filha órfã ainda pequena. Dolores adotou a criança e um dia, a vê-la dormindo na santa paz, ela fez a música abaixo, que muitos julgaram ser feita para dos inúmeros amores, mas foi feita para uma menina.

A Noite do meu Bem

Samba-Canção de 1959
Letra e música de Dolores Duran

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem.

Hoje eu quero paz de criança dormindo
E abandono das flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem.

Quero a alegria de um barco voltando,
Quero ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem.

Ah! Eu quero o amor...
O amor mais profundo.
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem!

Quero a alegria de um barco voltando,
Quero ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem.

Ah! Como este bem demorou a chegar.
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda a pureza que eu quero lhe dar.

Curiosidades sobre Dolores Duran

Þ Adiléa Silva da Rocha nasceu no Rio de Janeiro (07/06/1930). Começou a cantar aos 6 anos. Em 1940, no programa de calouros mais famosos da época, Calouros em Desfile, de Ary Barroso, Adiléa cantou Vereda Tropical em português e espanhol e tirou a nota máxima.

Þ Quando seu pai morreu, a cantora tinha 15 anos. Foi então que passou a sustentar a família, cantando em programas de calouros e atuando em novelas de rádios.

Þ Adiléa adotou o nome Dolores Duran aos 16 anos, quando assinou contrato com a boate Vogue (RJ), após ganhar um concurso de boleros. Precisou falsificar documentos para poder trabalhar.

Þ Por causa de suas bochechas redondas, a cantora ganhou o apelido de “Bochecha” e Bochechinha”.

Þ A canção My Funny Valentine, uma das mais famosas do repertório da black music americana, era cantada por Dolores. Segundo a cantora Ella Fitzgerald, a brasileira era a melhor intérprete da música.

Þ Dolores e Tom Jobim se conheceram em 1957, quando o maestro ainda não era famoso. Ele mostrou para Dolores uma melodia que havia feito com Vinicius de Moraes. Logo depois, Dolores compôs a letra de Por causa de você, e sugeriu que Tom a usasse sobre a melodia – ele não pensou duas vezes. A parceria rendeu ainda Se é por falta de adeus e Estada do Sol.

Þ Dolores cantava em inglês, francês, italiano, espanhol e português, aprendeu os idiomas ouvindo músicas.

Þ Dolores Duran morreu no Rio de Janeiro, no dia 24 de outubro de 1959, após uma crise depressiva. Ela chegou em casa depois de uma noitada e disse à empregada: “Não me acorde, estou cansada. Vou dormir até morrer”. Cumpriu a promessa. A cantora tinha 29 anos, e teve um ataque cardíaco causado pelo uso de álcool e remédios em excesso.



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