Benedicite!
Olavo Bilac
Bendito o que, na terra, o fogo
fez, e o tecto;
E o que uniu a charrua ao boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que, do chão abjeto,
Fez, aos beijos do sol, o ouro brotar do trigo;
E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu; e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;
E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano;
E o que inventou o canto; e o que criou a lira;
E o que domou o raio; e o que alçou o aeroplano...
Mas bendito, entre os mais, o que, no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
E o que uniu a charrua ao boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que, do chão abjeto,
Fez, aos beijos do sol, o ouro brotar do trigo;
E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu; e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;
E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano;
E o que inventou o canto; e o que criou a lira;
E o que domou o raio; e o que alçou o aeroplano...
Mas bendito, entre os mais, o que, no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
Maledicite!*
Carlos Henrique da
Rocha Lima e Klecius Caldas
Maldito o que inventou da
terrível geometria
As complicadas Leis e o pérfido
teorema!
Maldito aquele que, num malfadado
dia,
Resolveu sobre a terra o primeiro
problema!
Maldito seja o pai, a mãe, a avó,
a tia
E toda a geração de quem só tem
um lema:
Ensinar no colégio as Leis da
simetria,
E os anos vão passando e é sempre
o mesmo esquema.
Malditos sede vós, terríveis
algarismos,
Que sois o mais cruel de todos os
abismos,
Que o aluno espezinhais, aos
bandos, aos enxames...
Mas maldito entre os mais o
professor esguio,
Fantasma de Platão, altivo, grave,
frio,
Que os prepara em fileira,
aguardando os exames.
*Soneto satírico feito para o professor de Matemática Cecil
Thiré, do Colégio “de” Pedro II.
(Do livro “Pelas
Esquinas do Rio – Tempos Idos e Jamais Esquecidos”,
de Klecius Caldas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário