domingo, 17 de dezembro de 2017

Artur Azevedo

(1855-1908)

Arthur Azevedo, poeta, escritor e dramaturgo,
nasceu no Maranhão e viveu no Rio de Janeiro.


Talvez sua mais deliciosa criação em versos tenha sido este pequeno poema, onde reúne com intuição e talento a rima e o teatro. 

É um retrato tanto mais talentoso e exato, quanto breve. Uma síntese alcançada, num só momento de intuição, de descrição cênica, ironia crítica e fluidez rítmica. Deliciemos-nos então com as suas Impressões de Teatro.

Impressões de Theatro

Que dramalhão! Um intrigante ousado,
Vendo chegar de longa ausência o conde,
Diz-lhe que a pobre da condessa esconde
No seio o fruto de um amor culpado.

Naturalmente o conde fica irado
- O pai que é? Pergunta - Eu lhe responde
Um jovem que entra. - Um duelo! - Sim! Quando? Onde? -
No encontro morre o amante desgraçado.

Folga o intrigante... Porém surge um mano
E, vendo morto o irmão, perde a cabeça:
Crava um punhal no peito do tirano.

É preso o mano, mata-se a condessa,
Endoidece o marido, e cai o pano,
Antes que outra catástrofe aconteça.
        

“Quando eu morrer, não deixarei meu pobre nome ligado a nenhum livro, ninguém citará um verso meu, uma frase que me saísse do cérebro; mas com certeza hão de dizer: Ele amava o teatro, e este epitáfio moral é bastante, creiam, para a minha bem-aventurança eterna.”

Arthur Azevedo - 1903

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