“Ó
Abre Alas !Que eu quero passar
Eu sou da lira não Posso negar
Ó Abre Alas ! Que eu quero passar
Rosa de Ouro é que vai ganhar!.
O
encontro de Chiquinha Gonzaga com o meio boêmio carioca aconteceu num momento
de rebeldia da compositora. Seu casamento não ia bem, a separação era a única
saída. Uma mulher separada no século XIX? Chiquinha pagou um preço alto. Foi
expulsa de casa por seu pai, que, a partir daquele momento, renegou sua
paternidade. Com o filho João Gualberto ainda no colo, ela partiu em busca de
uma nova vida. Quem sabe era a oportunidade de seguir seu desejo: tornar-se uma
compositora. Sem ter para onde ir, Chiquinha foi recebida pelo meio musical
carioca, iniciando, então, um convívio fundamental para sua futura formação.
Conheceu músicos famosos, como
Calado, que se tornou seu amigo e protetor. Conhecido como Calado Jr. até a
morte de seu pai, teve formação erudita, mas, desde cedo, era presença marcante
nos grupos de choro do Rio e "pode ser considerado o criador do choro e
nacionalizador da música popular", segundo Edinha Diniz. Sua primeira
composição editada, a polca Querida por todos (1865), foi dedicada à Chiquinha.
Calado convidou-a para ser a
pianeira de seu conjunto O Choro do Calado. Chiquinha começou a tocar em bailes
e teatros recebendo dois mil réis por noite.
Chiquinha passou a freqüentar
festas e reuniões de chorões, compondo a polca Atraente, em 1877, que, editada
na véspera de Carnaval, fez um enorme sucesso.
Por volta de 1899, Chiquinha
mudou-se para o bairro do Andaraí. Lá, os cordões carnavalescos faziam grande
sucesso, agremiando moradores e foliões de diversos cantos da cidade. Um dia,
em sua casa, ao ouvir despreocupadamente os ensaios do cordão Rosa de Ouro,
sentou-se ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo. Assim nasceu a
primeira música de carnaval. Até então, nenhum compositor havia elaborado uma
composição para um cordão carnavalesco, o que existia eram estribilhos
populares, sem melodia elaborada Edinha Diniz, (op.cit. p.186). A marcha “Ô
Abre Alas” tornou-se o seu maior sucesso e é tocada até hoje em todos os bailes
carnavalescos.
A melhor divulgação para a nova
marcha foi mesmo o teatro. Na peça Não Venhas, Chiquinha a incluiu no
repertório, sendo a marcha muito bem aceita pelo público. Era o carnaval que
ganhava o teatro, “numa época em que as classes sociais mantinham seus espaços
rigidamente definidos. Chiquinha não hesita em trazer para o salão o que era da
rua.”
(Edinha Diniz op.cit. p.186)
Chiquinha na velhice
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