quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Chiquinha Gonzaga



                                  “Ó Abre Alas !Que eu quero passar 
                                  Eu sou da lira não Posso negar 
                                  Ó Abre Alas ! Que eu quero passar 
                                  Rosa de Ouro é que vai ganhar!.

O encontro de Chiquinha Gonzaga com o meio boêmio carioca aconteceu num momento de rebeldia da compositora. Seu casamento não ia bem, a separação era a única saída. Uma mulher separada no século XIX? Chiquinha pagou um preço alto. Foi expulsa de casa por seu pai, que, a partir daquele momento, renegou sua paternidade. Com o filho João Gualberto ainda no colo, ela partiu em busca de uma nova vida. Quem sabe era a oportunidade de seguir seu desejo: tornar-se uma compositora. Sem ter para onde ir, Chiquinha foi recebida pelo meio musical carioca, iniciando, então, um convívio fundamental para sua futura formação.

Conheceu músicos famosos, como Calado, que se tornou seu amigo e protetor. Conhecido como Calado Jr. até a morte de seu pai, teve formação erudita, mas, desde cedo, era presença marcante nos grupos de choro do Rio e "pode ser considerado o criador do choro e nacionalizador da música popular", segundo Edinha Diniz. Sua primeira composição editada, a polca Querida por todos (1865), foi dedicada à Chiquinha.

Calado convidou-a para ser a pianeira de seu conjunto O Choro do Calado. Chiquinha começou a tocar em bailes e teatros recebendo dois mil réis por noite.

Chiquinha passou a freqüentar festas e reuniões de chorões, compondo a polca Atraente, em 1877, que, editada na véspera de Carnaval, fez um enorme sucesso.

Por volta de 1899, Chiquinha mudou-se para o bairro do Andaraí. Lá, os cordões carnavalescos faziam grande sucesso, agremiando moradores e foliões de diversos cantos da cidade. Um dia, em sua casa, ao ouvir despreocupadamente os ensaios do cordão Rosa de Ouro, sentou-se ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo. Assim nasceu a primeira música de carnaval. Até então, nenhum compositor havia elaborado uma composição para um cordão carnavalesco, o que existia eram estribilhos populares, sem melodia elaborada Edinha Diniz, (op.cit. p.186). A marcha “Ô Abre Alas” tornou-se o seu maior sucesso e é tocada até hoje em todos os bailes carnavalescos.

A melhor divulgação para a nova marcha foi mesmo o teatro. Na peça Não Venhas, Chiquinha a incluiu no repertório, sendo a marcha muito bem aceita pelo público. Era o carnaval que ganhava o teatro, “numa época em que as classes sociais mantinham seus espaços rigidamente definidos. Chiquinha não hesita em trazer para o salão o que era da rua.”

(Edinha Diniz op.cit. p.186)


Chiquinha na velhice

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