quarta-feira, 28 de julho de 2021

(Algumas) Gírias futebolísticas

 

Alçapão → qualifica o estádio pequeno, ou acanhado com gramado de dimensões reduzidas, onde grandes clubes são obrigados a jogar. 

Amarelar → na rica e imaginosa terminologia das arquibancadas, ganhou sentido de ter medo ou tremer diante de um adversário, seja em função da partida, da pressão da torcida ou da violência empregada pela equipe contrária. 

Apagar da luzes → criada pelos locutores, a expressão procura identificar, com certa dose de dramaticidade, tudo o que ocorre nos instantes finais de uma partida de futebol. 

Armandinho → qualificativo pejorativo que costuma designar jogador de meio campo que nem ataca nem defende. 

Arquibaldo → termo criado pelo comentarista Washington Rodrigues (Rádio Globo, do Rio) para designar o torcedor que frequenta as arquibancadas dos estádios. 

Arranca-toco → time ruim, integrado por jogadores medíocres. 

Balançar a rede → ato ou efeito de marcar um gol, embora nem sempre a bola efetivamente toque ou balance a rede. 

Banheira → o mesmo que impedimento. 

Banho de cuia → lençol, chapéu ou qualquer jogada em que um integrante de uma equipe dribla o adversário, passando-lhe a bola por sobre a cabeça. No Sul é balãozinho. 

Bate-pronto → ato ou efeito de chutar a bola no justo instante em que ela toca o gramado. 

Bola cheia → jogador que está bem, vem fazendo boa temporada e ganhando dinheiro, além de ter cartaz com a torcida. 

Bola murcha → jogador em decadência, eventual ou definitiva, barrado do time, esquecido pelo treinador abandonado pelos dirigentes. 

Cabeça-de-bagre → jogador ruim, perna-de-pau. 

Cabeça-inchada → sentimento de frustração absoluta em razão de uma derrota do clube pelo qual se torce. 

Caneco → tratamento íntimo e informal que o torcedor dá a taça e troféus. 

Caneta → passar a bola entre as pernas do adversário. 

Carregador de piano → designa, geralmente, o jogador que não tem talento, mas esbanja fôlego na tarefa de fazer a ligação entre a defesa e o ataque. 

Chapéu → lençol, banho de cuia, quando um jogador passa a bola por cima da cabeça do adversário. No Sul é dar um balãozinho. 

Charanga → facção da torcida organizada que leva instrumentos musicais para os estádios. 

Chupa-sangue → jogador que não se esforça e não sua a camisa em defesa do time. 

Chuveirinho → centro a esmo em direção à área. 

Cintura-dura → zagueiro ou marcador de pouca habilidade, sem velocidade e capacidade de recuperação. 

Ciscador → jogador, firuleiro, useiro e vezeiro em aplicar dribles inúteis. Aquele que não dá prosseguimento às jogadas. 

Cobra → jogador que é craque. 

Dente-de-leite → categoria que reúne apenas equipes integradas por meninos iniciantes no futebol. 

Drible da vaca → ocorre quando o jogador dribla o seu adversário tocando a bola por um lado e passando por ele pelo outro. No Sul é dar uma meia-lua no adversário.

Embaixada → ato ou efeito de controlar a bola com os pés (coxas ou cabeça) sem deixar que ela toque no chão. No Sul é fazer balãozinho com a bola. 

Entregar o ouro → expressão empregada para caracterizar derrota sofrida de maneira inesperada e sem reação. 

Estufar a rede → marcar um gol. 

Feijão-com-arroz → futebol medíocre e sem criatividade. 

Filó → o mesmo que rede, barbante ou véu da noiva. 

Finta → o mesmo que drible. 

Fominha → jogador que procura resolver tudo sozinho e não passa a bola para os companheiros. 

Frango → trata-se, sem dúvida, de um dos mais curiosos termos surgidos no futebol. A expressão era cercar um frango, pois a posição do goleiro abaixado e deixando a bola entrar, passava ideia de um cidadão tentando capturar um frango que lhe escapava entre as pernas. 

Frangueiro → goleiro ruim, desastrado, que costuma engolir frangos. 

Freguês de caderno → Time que através da história, tem mais derrotas do que vitórias em relação a determinado adversário. 

Galera → O termo foi tomado emprestado do teatro, onde o público pode se acomodar nas galerias. Por galera, hoje se estende à torcida, de maneira geral. 

Gol de placa → gol marcado de maneira extraordinária ou inusitada. No Maracanã, há uma placa comemorativa de um gol assim de Pelé contra o Fluminense, pelo Torneio Rio-São Paulo de 1961. 

Homem-a-homem → esquema de marcação em que cada jogador tem um determinado adversário para marcar, troque ele de posição ou não. 

Lanterna → lugar ocupado pelo último colocado num campeonato. Dá ideia que o clube está tão distante dos outros que precisa de uma lanterna para iluminar-lhe o caminho. 

Lençol → o mesmo que chapéu, passar a bola por cima do adversário. 

Macário → cada uma das pessoas que têm a missão de levar de maca os jogadores para fora de campo. 

Marca da cal → a marca do pênalti. 

Marmelada → resultado combinado ou acertado entres duas equipes. O mesmo que mutreta. 

Mascarado → jogador que muda de personalidade ao subir os primeiros degraus da fama. 

Matar a bola → ato ou efeito de dominar a bola, demonstrando habilidade. 

Montinho artilheiro → tragédia dos goleiros e glória dos atacantes, é uma traiçoeira irregularidade do gramado, quase sempre dentro da pequena área, que desvia a direção da bola. 

Olheiro → figura do futebol brasileiro, cuja missão principal era de descobrir, para os clubes, jogadores de talento nos campos do subúrbio ou do interior. 

Oportunista → atacante inteligente e sutil, especialista em aproveitar qualquer falha da defesa ou do goleiro para marcar um gol. 

Paredão → goleiro em boa forma, que não deixa passar nada. 

Patada → chute forte, bomba, canhão. 

Pé-frio → jogador, técnico ou torcedor que não dá sorte a seu clube. 

Pegar na veia → acertar um chute perfeito, batendo, como dizem os jogadores, na cara da bola. 

Peito e na raça → expressão que procura traduzir uma vitória ou êxito obtido com esforço, luta ou garra, mais na base do coração do que do talento. 

Perna-de-pau → jogador ruim, sem qualquer habilidade técnica. 

Pisar na bola → literalmente, é uma jogada errada. 

Puxeta → jogada ofensiva (ou defensiva) realizada com o jogador de costas para o gol ou campo do adversário. 

Retranca → sistema de jogo fechado, que acumula jogadores com função estritamente defensivas. 

Retranqueiro → diz-se do técnico ou treinador que é adepto fervoroso de sistemas defensivos. 

Rosca → chute de efeito. 

Salto alto → pejorativo. Qualifica a equipe que, por excesso de elogios ou por exagerada autoconfiança, entra em campo para se exibir, esquecendo-se de que futebol é competição. 

Secar → torcer contra, de maneira ardilosa ou silenciosa, para que dê errado para um determinado time ou clube. 

Sem-pulo → jogada de habilidade que o chute é emendado de primeira, sem que a bola toque no chão. 

Suar a camisa → demonstrar esforço, garra e luta para conquistar uma vitória ou amenizar uma derrota. 

Tabelinha → toques curtos e rápidos entre dois atacantes, com o intuito de iludir os zagueiros contrários. 

Tapetão → apelido dado ao tribunal da federação, onde algumas partidas têm seus resultados confirmados, anulados ou alterados. 

Tocar de primeira → estilo de jogo que consiste em passar a bola ao companheiro, evitando dribles desnecessários, com o intuito de dar velocidade às jogadas. 

Trombador → diz-se, geralmente, do centroavante grosso, sem habilidade, que vive dando trombadas nos zagueiros adversários. 

Urucubaca → falta de sorte, azar de um time sempre que enfrenta o outro. 

Vareio → baile, passeio, chocolate de um time bom dá num time mais fraco. 

Xerife → jogador, geralmente da defesa, que comanda os companheiros. 

Zebra → termo criado pelo antigo técnico Gentil Cardoso para explicar um resultado inesperado, baseado no jogo do bicho, do qual a zebra não consta. 

Zona do agrião → expressão criada por João Saldanha, com a intenção de caracterizar a grande área, onde as partidas são decididas. 

(Do livro “Gírias & Verbetes futebolísticos, da Rede Globo)


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