sexta-feira, 9 de julho de 2021

A incrível história do tenente Danilo Moura

 

Danilo Marques Moura foi, no 1º Grupo de Caça, um dos exemplos vivos do que o homem pode fazer quando tem vontade, perseverança, coragem, esperteza e, sobretudo, patriotismo. Por influência do seu irmão Nero Moura, que viria a ser o comandante do 1º Grupo de Caça, resolveu ser aviador. Ingressou como voluntário no 1º GavCa como 2º tenente. 

A inauguração da Real Ópera de Roma, no Teatro Thunderbolt de Pisa, coincidiu com o regresso do Ten. Danilo ao seio do Grupo de Caça, após haver sido atingido pela AAAé, quando atacava uma locomotiva em uma estação ferroviária a leste de Verona em 04 Fev 45, e saltado de pára-quedas em território inimigo. Isto ocorreu a 04 Mar 45 e o Ten. Perdigão, aproveitando a veia artística dos Jambocks propôs que se fizesse uma partitura de ópera em homenagem ao companheiro que retornava, contando sua extraordinária aventura. Colaboraram com ele o Cap. Pessoa Ramos e os Tenentes Moreira Lima, Rocha, Coelho, Cauby, Meira e Tormim. 

A ópera é dividida em 5 atos, cada um contando uma passagem da Fuga Heróica do Ten. Danilo Moura. 

Ópera do Danilo − Ato I 

Música: “Therezinha de Jesus” 

Garçonete:
− Volete Ancora Pitanza? Café Ancora Volete?
 

Coro:
− Gratia tanta, oh garçonete, Já enchi bem questa panza.
 

Capitão:
− Minha gente vamo'embora.
 

Coro:
− Num minuto andiamo via.
 

Capitão:
− Já está na nossa hora, Nos espera o Zé Maria.
 

Música: “La Donna é Móbile” 

Zé Maria:
− Sou o Zé Maria,

Bom motorista,
Farei pra pista,
Viagem macia.
 

Coro:
− Oh! Zé Maria
Que maldição,
Quanta agonia
E trambolhão.
 

Zé Maria:
− Não estou sorrindo
Para ninguém,
Quem vai se abrindo.
 

Coro:
− É... porta de trem
− É... porta de trem
− É... porta de trem
 

Coro:
− Enfim chegamos.
 

Zé Maria:
− Enfim chegais.
 

Coro:
− Vamos, vamos
Para não nos machucarmos mais...
− Chega, chega, isto é demais.
 

Capitão e Coro (Falando):
− Olha a bolsa da fuga,
Checa a carta,
Apanha o magazine,
Quem leva a K-25!
 

Música: “O Guarany”

 Capitão:

− Está tudo combinado
Nosso Briefing terminado,
Já sabem pra onde vamos
Como é que mergulhamos.
 

Coro:
− Agora “senta a pua”. Capricha a decolagem.
 

Zé Maria:
− Desejo para todos, para todos ótima viagem.
 

Ópera do Danilo – A grande tradição realizada nas dependências da FAB, foi a encenação da Ópera do Danilo, que narra a saga do Tenente Danilo Marques Moura. Após ter o P-47 Thunderbolt abatido pela artilharia antiaérea alemã na Itália, o aviador percorreu uma jornada de 340 quilômetros caminhando durante 30 dias. Passando despercebido pelas Forças do Eixo e contando com a ajuda da população italiana, ele conseguiu chegar à base aliada em Pisa, 19 quilos mais magro do que partira. A história da fuga foi composta e encenada pelos próprios colegas dele, logo após o regresso e relatos das aventuras pelo território inimigo. Até hoje, a aventura é tradicionalmente repetida por militares da Aviação de Caça. 

Quem foi Danilo Moura?

Em 04 de fevereiro de 1945, ao cumprir sua 11ª missão de guerra, foi abatido pela artilharia antiaérea inimiga, a sudoeste da cidade de Treviso, na Itália. Saltou de paraquedas, a baixíssima altura, tendo tocado o solo segundos após a abertura do velame. Caiu sentado e na violência do impacto mordeu sua língua, o que lhe provocou dificuldades para a fala. Foi socorrido e escondido por simpatizantes italianos.

Cansado da vida no esconderijo, resolveu tentar regressar, atravessando as linhas inimigas. Contrariando todas as instruções quanto à fuga, conseguiu retornar às linhas amigas, andando a pé mais de 340 km, utilizando a luz do dia e as estradas principais. Sua história tem sido narrada muitas vezes em livros e revistas, tendo inspirado a famosa paródia chamada “Ópera do Danilo”, cantada em todas as reuniões de caçadores pelos pilotos do 1° Grupo de Caça. 

P.S. A história real do tenente Danilo Moura está contada, na internet, pelo ator global Nelson Freitas.

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