(...)
Há maneiras mais eficientes de descobrir se alguém é, de fato, especial.
Ouça o que ela diz.
Observe como se comporta.
Que respeito tem pelos outros.
O quanto é sensível ao sofrimento alheio.
Como trata aqueles que a estão servindo.
O quanto se interessa por quem não lhe é útil.
O que a emociona.
Em que medida se compromete com a verdade.
O quanto se dedica à escuta.
O tom de voz com que se comunica.
Em que ela contribui para a sociedade.
Qual sua predisposição em evoluir, em acompanhar as mudanças do seu tempo.
O quanto evita causar desassossego.
Se estende a mão quando lhe pedem ajuda.
Como lida com crianças e idosos.
Qual a importância que dá para a beleza de uma escultura, para a emoção provocada por uma música.
Se consegue compreender que miséria e vício não são escolhas, se sente compaixão por quem padece pela desigualdade social.
Prestando bem atenção, você conseguirá perceber se essa pessoa tem valores e intenções confiáveis, ou se é uma egoísta a serviço da própria vaidade e da ambição por poder. Seja qual for o resultado da sua análise, você não terá a mínima ideia se ela é religiosa ou não.
A pessoa que fala em Deus, que cita Deus, que se agarra em Deus, pode ser um ser humano extremamente bom e justo. Mas, para confirmamos, falta todo o resto.
Martha Medeiros, de sua crônica “Não basta falar em Deus”,
no Caderno Donna, de Zero Hora, agosto de 2021)
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