sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Não chorem a beira do meu túmulo

 Mary Elizabeth Frye

Não chorem à beira do meu túmulo.

Eu não estou lá.

Estou no soprar dos ventos,

nas tempestades de verão

e nos chuviscos suaves da primavera.

Eu sou a pressa inquieta dos ruídos da cidade

e o silêncio das madrugadas.

Não chorem à beira do meu túmulo,

eu não estou lá.

Estou no brilho das estrelas

perfurando a noite

e no cantar alegre dos pássaros.

Não, não chorem tristes à beira do meu túmulo,

eu não estou lá, eu não morri.

Eu sou a vida incessante livre

que corre nas águas do rio. 

Poema declamado por Jô Soares, em seu programa, por ocasião da morte do ator Domingos Montagner, setembro de 2016.

José (Jô) Eugênio Soares: 16 de janeiro de 1938 − 5 de agosto de 2022 − foi um humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. 

Jô deixa como legado ao menos 10 livros, uma série de peças de teatro e entrevistas conduzidas na televisão ao longo de mais de 60 anos de carreira.

Mary Elizabeth Frye 

(1905-2004) 

era uma dona de casa e florista.

Nascida em Ohio, nos Estados Unidos, ela ficou conhecida graças a este poema, escrito em 1932 inspirado pela história de uma jovem judia, Margaret Schwarzkopf. 

Conta-se que o poema foi escrito em uma sacola de compras de papel pardo. Frye fez muitas cópias e distribuiu para amigos e conhecidos. 

Ela nunca publicou nem recebeu qualquer direito autoral pelo poema. 

Sua identidade permaneceu desconhecida até o final de 1990, quando ela revelou ser a autora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário