segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O galanteador inconveniente

 Se non è vero, è bene trovato.

(Se não é verdade, está muito bem inventado)

Um local muito frequentado por jovens bonitos e solteiros. Homens e mulheres à procura de um par para conversar, bebericar, dançar, namorar... 

Uma linda mulher, elegante e sensual, toma delicadamente seu drink sozinha no balcão do bar para espairecer, em seus pensamentos íntimos, dos problemas do dia-a-dia. Um cara, mal-ajambrado, musculoso, com pinta de fanfarrão e cheio de tatuagens pelos seus braços e tronco, dando pinta de quem pode, numa circunstância qualquer, praticar, se contrariado, um feminicídio, querendo companhia a qualquer custo, nota a sua presença. 

Ele, então, procura em seus bolsos alguma coisa de útil. Acha uma carteira de cigarro quase vazia, resta-lhe somente um pela metade. Bate o cigarro na mesa, soca o pouco de fumo que ainda resta e vai à luta.

Aproxima-se da moça, com o cigarro entre os dedos e fala a ela: 

− A senhorita aceitaria um cigarro? 

A jovem o olha com desprezo, faz uma cara de poucos amigos, e não diz nada. 

O sujeito volta para sua mesa, mas não desiste do seu intento. 

Volta a mexer em seus bolsos, tentando encontrar alguma coisa que seja do interesse da garota. Procura, procura, acaba achando, no bolso de trás de suas calças, uma balinha de hortelã. Limpa-a com cuidado, tira delicadamente os pelinhos que se encontram grudados nela, dá uma delicada lambida para a deixar brilhante e volta ao seu propósito de impressionar de qualquer jeito a sua possível presa: 

− A senhorita, então, aceitaria uma balinha? 

A moça já nem tem mais saco para dar entender que não quer nada com ele. Vira o rosto, mordendo os lábios de raiva, para o outro lado da mesa. 

O inconveniente se prepara para dar meia volta e retornar à sua mesa, mas para no meio do caminho e pergunta baixinho no ouvido da jovem: 

− Quer dizer então que “trepar” nem pensar? 

P.S. Nesse mesmo bar, em outra mesa, mais tarde, o filho mais velho de um político que exerce um alto cargo em Brasília, chamado de “Zero 1”, o das rachadinhas (deve ser um termo machista para se referir ao seu apreço pelas mulheres, mas não tenho certeza...), estava também observando a mesma moça loira desacompanhada. A jovem, irritada, foi até a mesa dele e perguntou? 

− Acaso o seu nome não é Roubar? 

− Não, por que você me perguntou isso? 

− Porque “Roubar” é muito feio!

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