segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Telegrama pro Juvenal!

O Juvenal estava desempregado há meses. Com a resistência que só os brasileiros têm, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou: 

- Qual foi seu último salário? 

- Salário mínimo, respondeu Juvenal. 

- Pois se o Senhor for contratado ganhará 10 mil dólares por mês! 

- Jura? 

- Que carro o Senhor tem? 

- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão! 

Então, você ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!

- Jura?

- O senhor viaja muito para o exterior?

- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes... 

- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc. 

- Jura? 

- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã, sexta-feira, à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira. 

Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama. 

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. Juvenal reuniu a família e convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de chope aberto. Às 9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. A vizinha interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal. E a banda tocava! E o chope gelado rolava! O povo dançava! 

Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio assustada. 

Onze horas e cinqüenta e cinco minutos... Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela... Era do Correio! A festa parou! A banda calou! A tuba engasgou! Um cão uivou! Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa? 

- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida. 

Jogaram água na churrasqueira! A mulher do Juvenal desmaiou! A motoca parou! 

- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri? 

- Si, si, sim, so, so, sou eu...

A multidão não resistiu...

- Oooohhh! 

- Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava... Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.

Silêncio total. 

Respirou fundo e abriu o telegrama. Uma lágrima rolou, molhando o telegrama. Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.

O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava. 

- E agora? Quem vai pagar essa festa toda? 

Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava... Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico:

- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeuuu!

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