sábado, 7 de julho de 2018

Quadros históricos



A Proclamação da República de Piratini, de Antônio Parreiras

O governo do Estado resolveu encomendar, ao grande pintor nacional Antônio Parreiras, a confecção de dois quadros históricos para o palácio presidencial atualmente em construção. Um será uma tela de 6 metros de comprimento por 3 de largura - A Proclamação da República de Piratini - cujo croquis tanto sucesso fez na exposição realizada pelo notável artista no salão nobre do Clube Caixeiral. O Outro será o retrato do general Bento Gonçalves, tamanho natural, vendo-se ao fundo do quadro uma alegoria aos seus feitos na revolução de 1835. Esses quadros serão colocados no salão de recepções oficiais daquele palácio. O pintor Antonio Parreiras partirá, quarta-feira próxima, para Jaguarão, afim de estudar o local onde o general Antonio Netto deu o grito de separação da antiga província do Rio Grande do Sul. Antonio Parreiras pede a todas as pessoas que possuírem armas, fardamentos ou qualquer objeto de uso da época da revolução de 1835, o favor de emprestá-los a fim de servir de modelo, comprometendo-se ele a restituir todos os objetos.

O grande artista pode ser procurado para esse fim no Grande Hotel ou na redação dos jornais desta capital.

Notícia publicada no Correio do Povo de 5 de janeiro de 1912

*O autor faleceu em 1937, portanto esta obra está no domínio público no seu país de origem e noutros países e áreas onde o período de proteção dos direitos de autor é igual ou inferior à vida do autor mais 80 anos.

Era comum a encomenda de pinturas com temas históricos pelos governos para a decoração de Palácios ou como objeto museal. Assim, durante a construção do Palácio Piratini, o Presidente Borges de Medeiros contratou vários pintores para executarem obras para decoração dos novos espaços. Entre esses estava o pintor fluminense Antônio Parreiras responsável pela pintura de duas telas, com temas referentes à Revolução Farroupilha.

Antônio Parreiras estudou desenho na Academia Imperial das Belas Artes e na Escola Nacional de Belas Artes, tendo sido também professor de paisagem, desenho e pintura. Viajou a Europa, onde aperfeiçoou-se, mantendo atelier. A partir dos primeiros anos do século XX dedicou-se à pintura histórica, atendendo a inúmeras encomendas oficiais. A partir de 1909, passou a pintar nus, através da qual participou de salões realizados em Paris. No início da década de 1930 o artista retomou o paisagismo com a dedicação e a persistência que haviam marcado sua atuação em fins do século anterior.

“A República de Piratini” media 6m X 4m e representava a Proclamação da República Rio-Grandense pelo General Antônio da Silva Netto, fato ocorrido em 11 de setembro de 1836, no Campo dos Menezes, hoje município de Candiota. A proclamação aconteceu no dia seguinte à Batalha do Seival, vitória farroupilha sobre a cavalaria do Gen. Antonio da Silva Tavares. O segundo quadro, menor, representaria o General Bento Gonçalves.

Em 1955, uma comissão foi designada para dar um destino às obras, que estavam armazenadas em locais inapropriados do Palácio Piratini. Entre essas estava o quadro de Parreiras, juntamente com a obra “A Fuga de Anita Garibaldi”, de Dakir Parreiras. Atualmente, estas duas obras estão em processo de restauração no Núcleo de Restauro do MARGS.

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Fim de romance


Antônio Diogo da Silva Parreiras (Niterói RJ 1860 − idem 1937). Pintor, desenhista e ilustrador. Inicia estudos artísticos como aluno livre na Academia Imperial de Belas Artes − Aiba, no Rio de Janeiro, em 1883, onde permanece até meados de 1884. Neste período freqüenta as aulas de paisagem, flores e animais, disciplina ministrada por Georg Grimm (1846 − 1887). Por discordar do ensino oferecido, desliga-se da Aiba e segue seu antigo professor, passando a integrar o Grupo Grimm ao lado de Castagneto (1851 − 1900), Caron (1862 − 1892), Garcia y Vasquez (1859 − 1912), entre outros, dedicando-se à pintura ao ar livre. Em 1888, viaja para a Itália e durante dois anos freqüenta a Accademia di Belle Arti di Venezia [Academia de Belas Artes de Veneza], tornando-se discípulo de Filippo Carcano (1840 − 1910). De volta ao Brasil, em 1890, dá aulas de paisagem na Aiba, mas após dois meses de seu ingresso, desliga-se da instituição por discordar da reforma curricular promovida em novembro daquele ano. No ano seguinte, funda a Escola do Ar Livre, em Niterói, Rio de Janeiro. De 1906 a 1919 viaja frequentemente a Paris, onde mantém ateliê. Recebe, em 1911, o título de delegado da Sociéte Nationale des Beaux Arts, raramente concedido a estrangeiros. Em 1926, lança seu livro autobiográfico História de um Pintor Contada por Ele Mesmo, com o qual ingressa na Academia Fluminense de Letras. Funda o Salão Fluminense de Belas Artes, em Niterói, em 1929. Em 1941, sua casa-ateliê, na mesma cidade, é transformada no Museu Antônio Parreiras, com o objetivo de preservar e divulgar sua obra.

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