A Proclamação da
República de Piratini, de Antônio Parreiras
O governo do Estado resolveu
encomendar, ao grande pintor nacional Antônio Parreiras, a confecção de dois
quadros históricos para o palácio presidencial atualmente em construção. Um será
uma tela de 6 metros de comprimento por 3 de largura - A Proclamação
da República de Piratini - cujo croquis tanto sucesso fez na exposição
realizada pelo notável artista no salão nobre do Clube Caixeiral. O Outro será
o retrato do general Bento Gonçalves, tamanho natural, vendo-se ao fundo do
quadro uma alegoria aos seus feitos na revolução de 1835. Esses quadros serão
colocados no salão de recepções oficiais daquele palácio. O pintor Antonio
Parreiras partirá, quarta-feira próxima, para Jaguarão, afim de estudar o local
onde o general Antonio Netto deu o grito de separação da antiga província do
Rio Grande do Sul. Antonio Parreiras pede a todas as pessoas que possuírem
armas, fardamentos ou qualquer objeto de uso da época da revolução de 1835, o
favor de emprestá-los a fim de servir de modelo, comprometendo-se ele a
restituir todos os objetos.
O grande artista pode ser
procurado para esse fim no Grande Hotel ou na redação dos jornais desta capital.
Notícia publicada no
Correio do Povo de 5 de janeiro de 1912
*O autor faleceu em 1937,
portanto esta obra está no domínio público no seu país de origem e
noutros países e áreas onde o período de proteção dos direitos de autor é
igual ou inferior à vida do autor mais 80 anos.
Era comum a encomenda de pinturas
com temas históricos pelos governos para a decoração de Palácios ou como objeto
museal. Assim, durante a construção do Palácio Piratini, o Presidente Borges de
Medeiros contratou vários pintores para executarem obras para decoração dos
novos espaços. Entre esses estava o pintor fluminense Antônio Parreiras
responsável pela pintura de duas telas, com temas referentes à Revolução
Farroupilha.
Antônio Parreiras estudou desenho
na Academia Imperial das Belas Artes e na Escola Nacional de Belas Artes, tendo
sido também professor de paisagem, desenho e pintura. Viajou a Europa, onde
aperfeiçoou-se, mantendo atelier. A partir dos primeiros anos do século XX
dedicou-se à pintura histórica, atendendo a inúmeras encomendas oficiais. A
partir de 1909, passou a pintar nus, através da qual participou de salões
realizados em Paris. No início
da década de 1930 o artista retomou o paisagismo com a dedicação e a
persistência que haviam marcado sua atuação em fins do século anterior.
“A República de Piratini” media
6m X 4m e representava a Proclamação da República Rio-Grandense pelo General
Antônio da Silva Netto, fato ocorrido em 11 de setembro de 1836, no Campo dos
Menezes, hoje município de Candiota. A proclamação aconteceu no dia seguinte à
Batalha do Seival, vitória farroupilha sobre a cavalaria do Gen. Antonio da
Silva Tavares. O segundo quadro, menor, representaria o General Bento Gonçalves.
Em 1955, uma comissão foi
designada para dar um destino às obras, que estavam armazenadas em locais
inapropriados do Palácio Piratini. Entre essas estava o quadro de Parreiras,
juntamente com a obra “A Fuga de Anita Garibaldi”, de Dakir Parreiras.
Atualmente, estas duas obras estão em processo de restauração no Núcleo de
Restauro do MARGS.
*****
Fim de romance
Antônio Diogo da Silva Parreiras
(Niterói RJ 1860 − idem 1937). Pintor, desenhista e ilustrador. Inicia estudos
artísticos como aluno livre na Academia Imperial de Belas Artes − Aiba, no Rio
de Janeiro, em 1883, onde permanece até meados de 1884. Neste período freqüenta
as aulas de paisagem, flores e animais, disciplina ministrada por Georg Grimm
(1846 − 1887). Por discordar do ensino oferecido, desliga-se da Aiba e segue
seu antigo professor, passando a integrar o Grupo Grimm ao lado de Castagneto
(1851 − 1900), Caron (1862 − 1892), Garcia y Vasquez (1859 − 1912), entre
outros, dedicando-se à pintura ao ar livre. Em 1888, viaja para a Itália e
durante dois anos freqüenta a Accademia di Belle Arti di Venezia [Academia de
Belas Artes de Veneza], tornando-se discípulo de Filippo Carcano (1840 − 1910).
De volta ao Brasil, em 1890, dá aulas de paisagem na Aiba, mas após dois meses
de seu ingresso, desliga-se da instituição por discordar da reforma curricular
promovida em novembro daquele ano. No ano seguinte, funda a Escola do Ar Livre,
em Niterói, Rio de Janeiro. De 1906
a 1919 viaja frequentemente a Paris, onde mantém ateliê.
Recebe, em 1911, o título de delegado da Sociéte Nationale des Beaux Arts,
raramente concedido a estrangeiros. Em 1926, lança seu livro autobiográfico História
de um Pintor Contada por Ele Mesmo, com o qual ingressa na Academia Fluminense
de Letras. Funda o Salão Fluminense de Belas Artes, em Niterói, em 1929. Em
1941, sua casa-ateliê, na mesma cidade, é transformada no Museu Antônio Parreiras,
com o objetivo de preservar e divulgar sua obra.
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