sábado, 8 de janeiro de 2022

“Doutor Livingstone, eu presumo”

 

David Livingstone

Blantyre, Escócia, 19 de março de 1813;

Zâmbia, 1° de maio de 1873.

Há um coração europeu enterrado no solo negro da Tanzânia. É o coração do doutor David Livingstone, médico escocês, missionário a serviço da coroa britânica e um dos maiores aventureiros do século 19. Livingstone havia sido encarregado pela Coroa britânica de descobrir a foz do Nilo. Durante a missão, foi abandonado por seus guias africanos, que fugiram levando-lhe os mantimentos e os remédios indispensáveis à sobrevivência na selva. Por cinco anos o paradeiro de Livingstone foi um mistério debatido com paixão na Europa e nos Estados Unidos, até que o New York Herald decidiu enviar o seu melhor repórter à África para descobrir onde estava o explorador. O jornalista Henry Stanley atravessou o Atlântico para se transformar, ele próprio, em outra lenda. Depois de oito meses embrenhado no interior malárico do continente, Stanley deparou com o escocês macilento e doente, às margens do Lago Tanganica. O encontro entre os dois entrou para a história. 

- Doutor Livingstone, eu presumo – disse Stanley, e o doutor sorriu:

- Sim! 

Livingstone poderia voltar à Europa e viver da fama. Não quis. Preferiu abastecer-se com os mantimentos e os medicamentos que lhe trouxe Stanley e seguiu em sua busca. Morreria pouco tempo depois acreditando ter descoberto a foz do Nilo. Estava errado. Descobrira a de outro grande rio, o Congo. 

Depois de recuperar suas forças com os alimentos e remédios levados pelo jornalista, Livingstone acompanhou Stanley em viagens ao extremo norte do lago Tanganica. Quando se preparava para retornar aos EUA, Stanley insistiu para que o explorador voltasse à Inglaterra, porém o fanático pesquisador resistiu. Passou seus últimos dias de vida errante na região do lago Bangweolo. 

O desfecho 

Por muitos anos sua saúde demonstrava fragilidade vindo a falecer no dia 1° de Maio 1873. Os nativos encontraram David Livingstone morto em Ilala, ajoelhado ao lado da cama. Morreu orando. Souzi e Chouma, seus auxiliares de confiança, enterraram seu coração debaixo de uma árvore. Depois lavaram o corpo com sal e aguardente e o puseram para secar ao sol. Envolto numa manta de lã e dentro de uma caixa de casca de árvore, foi levado a Zanzibar. Ele fora o primeiro a descrever a geografia, a estrutura social, os animais e as plantas do continente africano. Contudo, seu trabalho como missionário teve menor êxito do que o de descobridor. Hoje, os ossos do explorador se encontram na Abadia de Westminster, em Londres. 

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