De Dª.
Quando
tenhas um segredo
Não
o digas a ninguém.
Como
vão outros guardá-lo
Se tu não o guardas bem?
Não
entendes o eu penso?
Já
é pouco entendimento!
É
tão fácil, pelos olhos,
Entender o pensamento!
Não
entendo o que tu dizes,
Não
entendo, tens razão.
Há
coisas que só entendem
Se as entende o coração.
Já
não tenho outra ventura
Senão
ver-te atormentado.
Não
te queixas, pois bem sabes
Que só tu és o culpado.
Não
te posso fazer mal,
Mas,
se pudesse, fazia.
A
maldade é como o tempo,
Vai crescendo em cada dia.
Tens
o coração de pedra...
Não
me assusta, podes crer.
Uma
pedra fere lume,
Se outra pedra lhe bater.
Cada
dia tem aurora
−
Sol de inverno ou sol de agosto.
Só
na alma de quem chora
É sempre, sempre sol-posto.
(Do Almanaque Bertand, 1925)
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