sábado, 29 de janeiro de 2022

Continho

 

Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho, do sertão de Pernambuco. Na soalheira danada de meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um gordo vigário a cavalo: 

− Você aí, menino, para onde vai essa estrada? 

− Ela não vai não: nós é que vamos nela. 

− Engraçadinho duma figa! Como se chama? 

− Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé. 

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Paulo Mendes Campos. Crônica 1. São Paulo: Ática, 2002. pág. 76.

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