quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A vacina que salvou o jovem José Meister



É mundialmente conhecido o caso do rapazinho alsaciano de nove anos, José Meister, que, em Julho de 1885 foi mordido catorze vezes por um cão com a doença da raiva. A mãe suplicou a Pasteur que lhe salvasse o filho. Até à data ninguém sobrevivera a estas mordeduras. O cientista esteve hesitante, porque ainda só testara a sua vacina em animais e era um risco enorme experimentá-lo num ser humano. Pasteur disse mesmo ao seu colega de investigação Emílio Roux que estava disposto a servir ele próprio de cobaia para poder testar a reação. Porém surgiu esta emergência e Pasteur passou momentos de angústia até se decidir. E pensou: se o rapaz morre depois de vacinado? Como as hipóteses de sobrevivência sem vacina eram nulas, arriscou. Luís Pasteur era químico e hoje diríamos biólogo, mas não era médico, por isso não podia ser ele a ministrar a vacina sob pena de ser processado. Pediu então ao Dr. Grancher, seu assistente, que o fizesse. Sessenta horas depois de ter sido mordido, José Meister recebeu a primeira de 12 injeções antirraiva, que lhe foram sendo injetadas uma após outra sob apertada vigilância. Família e cientistas aguardaram várias semanas. Por fim o jovem sobreviveu. Este jovem ficou para sempre agradecido a Pasteur e deu mesmo a vida por ele, já vamos saber como e quando.

A repercussão do sucesso da vacina antirrábica foi tal que a Academia das Ciências desenvolveu um projeto para criar uma instituição de investigação (futuro Instituto Pasteur) que foi bem acolhido no estrangeiro, tendo o próprio czar Alexandre III contribuído com cem mil francos. O Instituto foi inaugurado em 1888, no mesmo ano em que Vicent Van Gogh pintava na Provença, a sequência dos «Girassóis».

Pasteur foi admitido como membro da Academia de Medicina, em 1873 e em 1882 na Academia Francesa, prestigiadas instituições.

Em 1940, na 2ª Guerra Mundial, quando as tropas de Hitler invadiram a França, um grupo de militares quis forçar a entrada do Instituto Pasteur – onde repousam, numa cripta, os restos mortais de Pasteur. José Meister era o responsável pela segurança e, ao verificar que não conseguia impedir que os nazistas entrassem, suicidou-se (os cientistas nazistas tinham a paranoia de estudar os cérebros de pessoas consideradas gênios). Mas o cérebro de Pasteur não foi roubado.

Luís Pasteur já entrara na História pela sua descoberta, mas a sua contribuição para a Humanidade foi muito maior. O estudo da fermentação levá-lo-ia a descobrir o porquê dos vitivinicultores, de diversas zonas do seu país, verificarem, com tanta freqüência, que os seus vinhos se transformavam em vinagre, sendo uma enorme perca para a economia francesa. E isto passou a ser particularmente grave a partir de 1860, depois de assinado o tratado comercial entre a França e a Grã-Bretanha, por se verificar que grande percentagem dos vinhos não resistiam à viagem, estragando-se irremediavelmente. Nessa época, a França produzia 50 milhões de hectolitros de vinho por ano. A perda do precioso líquido era uma calamidade. O imperador Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) pediu a Pasteur que investigasse o porquê da fermentação do vinho e proporcionou-lhe as melhores condições de trabalho, equipando laboratórios para que o grande químico pudesse dedicar-se inteiramente a essa investigação. Foi criado, em 1867 o laboratório de físico-química expressamente para Pasteur, na Escola Normal Superior. Depois de aturados estudos o cientista descobriu que submetendo o vinho a um aquecimento elevado durante alguns segundos, e logo de seguida, a um repentino abaixamento da temperatura a menos de dez graus, matava os germes que alteravam os líquidos. Este sistema foi depois utilizado na cerveja e vinho, daí o termo «pasteurizado» que todos conhecemos.


Lois Pasteur
(1822-1895)




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