É mundialmente conhecido o caso do
rapazinho alsaciano de nove anos, José Meister, que, em Julho de 1885 foi
mordido catorze vezes por um cão com a doença da raiva. A mãe suplicou a Pasteur que
lhe salvasse o filho. Até à data ninguém sobrevivera a estas mordeduras. O
cientista esteve hesitante, porque ainda só testara a sua vacina em animais e
era um risco enorme experimentá-lo num ser humano. Pasteur disse mesmo ao seu
colega de investigação Emílio Roux que estava disposto a servir ele próprio de
cobaia para poder testar a reação. Porém surgiu esta emergência e Pasteur
passou momentos de angústia até se decidir. E pensou: se o rapaz morre depois
de vacinado? Como as hipóteses de sobrevivência sem vacina eram nulas,
arriscou. Luís Pasteur era químico e hoje diríamos biólogo, mas não era médico,
por isso não podia ser ele a ministrar a vacina sob pena de ser processado.
Pediu então ao Dr. Grancher, seu assistente, que o fizesse. Sessenta horas
depois de ter sido mordido, José Meister recebeu a primeira de 12 injeções
antirraiva, que lhe foram sendo injetadas uma após outra sob apertada
vigilância. Família e cientistas aguardaram várias semanas. Por fim o jovem
sobreviveu. Este jovem ficou para sempre agradecido a Pasteur e deu mesmo a
vida por ele, já vamos saber como e quando.
A repercussão do sucesso da vacina
antirrábica foi tal que a Academia das Ciências desenvolveu um projeto para
criar uma instituição de investigação (futuro Instituto Pasteur) que foi bem
acolhido no estrangeiro, tendo o próprio czar Alexandre III contribuído com cem
mil francos. O Instituto foi inaugurado em 1888, no mesmo ano em que Vicent Van Gogh
pintava na Provença, a sequência dos «Girassóis».
Pasteur foi admitido como membro da
Academia de Medicina, em 1873 e em 1882 na Academia Francesa, prestigiadas
instituições.
Em 1940, na 2ª Guerra Mundial, quando
as tropas de Hitler invadiram a França, um grupo de militares quis forçar a
entrada do Instituto Pasteur – onde repousam, numa cripta, os restos mortais de
Pasteur. José Meister era o responsável pela segurança e, ao verificar que não
conseguia impedir que os nazistas entrassem, suicidou-se (os cientistas
nazistas tinham a paranoia de estudar os cérebros de pessoas consideradas
gênios). Mas o cérebro de Pasteur não foi roubado.
Luís Pasteur já entrara na História
pela sua descoberta, mas a sua contribuição para a Humanidade foi muito maior.
O estudo da fermentação levá-lo-ia a descobrir o porquê dos vitivinicultores,
de diversas zonas do seu país, verificarem, com tanta freqüência, que os seus
vinhos se transformavam em vinagre, sendo uma enorme perca para a economia
francesa. E isto passou a ser particularmente grave a partir de 1860, depois de
assinado o tratado comercial entre a França e a Grã-Bretanha, por se verificar
que grande percentagem dos vinhos não resistiam à viagem, estragando-se
irremediavelmente. Nessa época, a França produzia 50 milhões de hectolitros de
vinho por ano. A perda do precioso líquido era uma calamidade. O imperador
Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) pediu a Pasteur que investigasse
o porquê da fermentação do vinho e proporcionou-lhe as melhores condições de
trabalho, equipando laboratórios para que o grande químico pudesse dedicar-se
inteiramente a essa investigação. Foi criado, em 1867 o laboratório de
físico-química expressamente para Pasteur, na Escola Normal Superior. Depois de
aturados estudos o cientista descobriu que submetendo o vinho a um aquecimento
elevado durante alguns segundos, e logo de seguida, a um repentino abaixamento
da temperatura a menos de dez graus, matava os germes que alteravam os
líquidos. Este sistema foi depois utilizado na cerveja e vinho, daí o termo
«pasteurizado» que todos conhecemos.
Lois Pasteur
(1822-1895)
(1822-1895)
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