segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Viva a criançada brasileira!


Poemas de Cecília Alves Pinto, a Ciça.


Confusão

Um gato mia, um pinto pia.
O tigre ruge, a vaca muge.
O burro zurra, a onça esturra.
Um macaquinho guincha,
e o cavalo relincha.
Mas, se fosse o contrário?
E se trina um dromedário?
E se um camundongo urra?
Já pensou se o burro esturra?
 E depois, se o tigre muge?
Se o macaquinho relincha,
enquanto o cavalo guincha,
o gato pia e pinto mia?
Não ia ter nenhum sentido
– seria mesmo maluco
 – se um elefante avoado,
Em vez de dar seu barrido,
piasse feito um macuco!                                         

Falange, Falanginha, Falangeta

− A gente tem duas mãozinhas.
E nas duas, dez dedinhos.
Em cada dedo, uns ossinhos.
E cada ossinho, um nominho:
é falange, e falanginha,
e tem também falangeta.
Então, pergunta a Marieta,
curiosa e bem xereta:
− Se falanges tenho dez
e também de falanginhas
(quer saber a Marieta),
por que, então, minhas mãozinhas
só têm oito falangetas?

Deprê

A Cris está numa crise.
O Luiz, muito infeliz.
O Dado, desconsolado.
A Jandira só suspira.
A Dora agora só chora.
A Helena me dá pena.
O Fausto se sente exausto.
A Rosa está pesarosa.
O Heitor, de mau humor.
O João, na frustração.
A Rita só vive aflita.
A Mônica, catatônica.
A Vivi teve um piti.
O Fernando anda penando.
A Fátima está uma lástima.
E o Raimundo, furibundo.
Imagine, seu Romeu:
O pior aconteceu...
Nosso time foi pro fundo.
O nosso time perdeu!

(Do “O Livro Nó na Língua” – no “Na Poltrona”, 
Revista do Grupo Itapemirim, outubro de 2004)


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