quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Vanguardeiros

A arte dos anos 90... 2000... 2010.. 2017...


Liane Blaun → Irrequieta coreógrafa. Há anos desenvolve, com seu grupo de dança, um trabalho que extrai movimentos do estático. Em seus espetáculos os bailarinos ficam horas parados na mesma posição, apesar dos ovos vindos da plateia.


Teixeira Eiras → Cineasta de vanguarda. Já realizou três longas metragens que para serem entendidos têm que projetá-los de trás para frente, um em seguida do outro. Autor também de vários curtas, uns com trinta centímetros, outros com quinze, dez... e por aí em diante.


Holly Vett → Escritor de ficção. Descobriu a maneira de só escrever best sellers, dando títulos como: “Best Sellers Texas”, “Best Sellers Now” e, finalmente o mais moderno, “Best Sellers Sky”. Mesmo assim é fracasso em vendagem. Não paga nem o aluguel.


Seik Spir → Diretor e ator de teatro dos mais modernos. Não deixa espaço para o tradicionalismo nas peças que dirige, dispensando a utilização do palco, da iluminação, dos atores, do script e inclusive do público. Aliás, ele nem sai de casa. Fica lá tomando umas bramas, coçando o saco... e o teatro que se foda.


Tell Tilt → Artista ultracontemporâneo. Utiliza em suas performances cinco terminais de computador ligados a dois sintetizadores, acoplados a sete monitores de TV, nove liquidificadores, duas britadeiras que desembocam num big dum autorama de oito pistas. Apesar desse arsenal, seu trabalho continua inédito porque quando liga isso tudo na tomada, sai de lado que sempre explode.


Jan Lip Hardy → Músico que mistura Stock Hausen com Steinheger, Frank Zappa com Jararaca e Ratinho, Steve Reich com Willian Reich, Chiclete com Banana, alhos com bugalhos... e outras misturas não muito agradáveis de falarmos aqui.


Mag Magal → Poetisa pós-modernérima. Descobriu a fórmula de fazer poesia sem o uso das palavras Nem uminha. Seus livros “Nada de Nada” e “Oco”, têm grande penetração entre a modernidade paulistana. A crítica a acusa de inconsistente, e outros afirmam que está com tudo.


Gil Paleta → Pintor transvanguardérrimo. Interessou-se pelas artes plásticas quando uma tia, cansada de ver o sobrinho bundando o tempo todo, vivendo da mesada da família, deu-lhe tintas, pincéis e disse: “Vê se faz alguma merda na vida”. Gil, obediente, pegou o pincel e pintou uma merda qualquer. Daí tudo mudou. Hoje é cotadíssimo no mercado de arte, pintando as mesmas merdas de sempre.


Leon Néon → Escultor. Ficou impossibilitado de trabalhar há alguns anos quando, ao tentar fazer sua primeira escultura em néon, deu muita asa à sua imaginação e acabou preso em sua própria arte. Hoje perambula por aí acendendo e apagando pelos bares. É conhecido como artista de uma obra só.

(Texto do “Chiclete com Banana”, do Angeli, dezembro de 1986)


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