sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Imortalidade d’alma


Uberto Rhodes

Conhece-te a ti próprio e serás imortal...


Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates. A sua filosofia não era uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele vivia. Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, embora inocente.

Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, seus amigos e discípulos moviam céus e terra para o preservar da morte. O filósofo, porém não moveu um dedo para esse fim; com perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardou o dia em que ia beber o veneno mortífero.

Na véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro (desde daquela época já existia essa prática...), que abriu a porta da prisão. Críton, o mais ardente dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre:

- Foge depressa, Sócrates!

- Fugir, por quê? - perguntou o preso.

- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?

- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!

- Sim, amanhã terás de beber a taça de cicuta mortal - insistiu Críton.

- Vamos, mestre, foge depressa para escapares à morte!

- Meu caro amigo Críton - respondeu o condenado - que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim...

Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:

- Críton, achas que isto aqui é Sócrates?

E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:

- Achas que isto aqui é Sócrates?... Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material; mas não a mim. Eu sou a minha alma. Ninguém pode matar Sócrates!...

E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.

No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe, entre soluços:

- Sócrates, onde queres que te enterremos?

Ao que o filósofo, semiconsciente, murmurou:

- Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates... Quanto a esse invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu... Eu sou minha alma...

E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o segredo da Felicidade, que nem a morte lhe pôde roubar.

Conhecia-se a si mesmo, o seu verdadeiro eu divino. eterno. imortal...

Assim somos todos nós seres Imortais, pois somos Alma, Luz, Divinos, Eternos...

Nós só morremos, quando somos simplesmente Esquecidos... 



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