sábado, 14 de novembro de 2020

Congresso de Feministas

 

Durante um a Convenção Feminista, realizada uma vez por ano na Suíça, estavam mulheres de vários países, contando um pouco das suas experiências e dos novos direitos que conseguiram com o passar do tempo.

Lá pelas tantas, subiu no palanque uma alemã de Berlim, chamada Frida, e começou a contar sobre uma vitória que tinha conseguido em casa:

- Minhas amigas de todo o mundo! Eu preciso dividir com vocês essa experiência que passei há alguns meses atrás! Cheguei um dia, furiosa, e disse para o meu marido, o Hanz: “De hoje em diante eu não vou mais lavar roupa! Não vou mais fazer a cama! Não vou dar banho nas crianças e nem preparar mais o seu chucrute favorito! Hanz, é bom você tomar alguma providência...”

Passou o primeiro dia, eu não vi nada...

Passou o segundo dia, eu também não vi nada.

No terceiro dia, vi as crianças de banho tomado, a casa brilhando e o Hanz me servindo um delicioso chucrute!

- Muito bem! Bravo! - Todas as outras mulheres aplaudiram a Frida como uma verdadeira heroína.

Saindo lá do canto do palanque, uma americana de Atlanta chamada Jennifer, muito empolgada com o que havia escutado, também quis expor a sua experiência:

- Mulheres, vocês não vão acreditar, mas comigo aconteceu algo parecido. Chequei em casa muito aborrecida e intimei o John: “Daqui pra frente eu não vou mais preparar os hambúrgueres, não limpo mais a casa e não corto mais a grama! John, é melhor você arranjar um tempo pra fazer isso!”

Passou o primeiro dia e eu não vi nada...

Passou o segundo dia e eu também não vi nada.

No terceiro dia, a grama estava cortada, a casa estava tinindo, a mesa cheia de hambúrgueres e o John estava cheio de amor pra dar.

- Muito bem! Bravo! Gritavam as mulheres em ritmo frenético.

Sem deixar por menos, subiu ao palanque a Sebastiana, lá da favela da Rocinha, e também quis dar seu depoimento:

- Amigas! Um dia cheguei ao meu barraco, puta da cara, e vi aquela bagunça... As crianças brigando, meu marido dormindo bêbado na frente da televisão e todo vomitado! Acordei o Zé e falei: “Seu safado! Miserável! Tá pensando o quê? Eu ralo o dia todo como empregada doméstica e ainda tenho que aguentar um vagabundo aqui em casa? Você tá muito enganado, Zé! Daqui pra frente você vai levar as crianças na creche e vai começar a trabalhar, seu desgraçado, boa vida, filho da puta!”

Passou o primeiro dia e eu não vi nada...

Passou o segundo dia e eu também não vi nada.

No terceiro dia, meu olho esquerdo começou a abrir um pouquinho...



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