quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Time de freiras?

Renato Portaluppi, atual técnico do Grêmio, já usou a expressão “time de freiras” em mais de uma oportunidade. Depois da vitória de 2 a 1 diante do Red Bull Bragantino, o termo foi empregado para minimizar irritação dos jogadores em campo. “Eu não sou padre, não tenho time de freiras. O Pepê às vezes joga chuteira no chão, colete no chão, por se cobrar de não ir bem”, disse o treinador do Grêmio. 

                                             Time de Freiras

Irmã Celassi Dalpiaz, Diretora do Colégio Santa Inês.

Mais uma vez, deparo-me com um posicionamento preconceituoso que me causa indignação. “Eu não tenho um time de Freiras”. No esporte, é comum escutarmos expressões como essa, quando se quer explicar um comportamento que extrapola os limites. Essa justificativa denota que, pelo fato de ser freira, deve-se abaixar a cabeça, submetendo-se ao destino, sem luta. Quero te dizer, prezado Renato Portaluppi, que para ser FREIRA, hoje, precisamos de muita garra e capacidade de luta, para nos sobrepor a tantos preconceitos de todos os gêneros. A indignação é que nos move e que nos faz olhar além do que vemos, tomar frente às situações de injustiças e, muitas vezes, ser resilientes. Por que pelo fato de sermos freiras, não podemos usar de rebeldia, força e capacidade de enfrentar aquilo que entendemos injusto? O mundo mudou, meu caro. O olhar é outro e eu, sendo freira, não me eximo de nenhuma responsabilidade. Não me calo frente a situações injustas e nem aceito carteiraço. Indignar-se é sinônimo de não aceitar a situação. Seria bem mais educativo o Maicon, como líder que é, admitir que nada deu certo e, com seu comandante e companheiros, buscar alternativas para mudar. Chutar o balde, por vezes, só serve para esparramar a água, mas não resolve o problema. Essa já não é a primeira vez que me dirijo aos programas de rádio e TV para demonstrar meu descontentamento por ouvir, de alguns, expressões levianas e que se tornam naturalizadas pelo fato de entendermos que são expressões cotidianas, em determinados espaços, para fazer uma comparação.

Estamos numa sociedade que requer posicionamento, para que haja transformações de julgamentos, aparentemente inocentes, mas que estigmatizam pessoas ou instituições. Como profissional da educação tenho compromisso de me posicionar contra isso, pois entendo que é dessa forma que também educo. O esporte arrasta multidões. Então, por que não usar este espaço para mudanças sociais? Tenho visto e reconheço muitos cidadãos que já o fazem. Como apaixonada por esporte, assídua aos debates e admiradora de tantos que compõem esses times, deixo minha contribuição para podermos mudar de paradigmas e fazermos, juntos, uma revolução que educa. 



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