Martha Medeiros*
Para ter a sensação permanente de que a vida flui sem obstáculos, é preciso a sorte de ser leve. A sorte de não ser paranóico. A sorte de perceber grandezas nas miudezas. A sorte de reconhecer a extrema importância dos afetos mais íntimos, antes que eles partam. A sorte de achar graça na vida. A sorte de se comover com música. A sorte de gostar de ler livros profundos, geniais, incômodos. A sorte de estar aberto para todo tipo de amor. A sorte de gostar de ficar só, que é o que nos salva do convívio forçado com pessoas chatas. A sorte de gostar de gente interessante, mais do que de gente influente. A sorte de não se entregar a expectativas mirabolantes, de ver o lado bom daquilo que deu errado, de não fazer drama por qualquer bobagem (se doer, doer mesmo, transforme em poesia).
A
sorte de perceber a elegância que há na inteligência, mais do que
Boa sorte a todos que merecerem neste domingo (29.11.2020) em que a biografia de tanta gente irá mudar − a de alguns eleitos e, se tudo der certo, a de milhares de eleitores.
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*Parte
da crônica de Martha Medeiros, no Caderno Dona de Zero Hora, novembro de 2020.
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