Glênio Peres
Como
fazes
para exercer teu ofício?
Beijas
também tuas crianças
quando vais para o trabalho?
E
quando acordas de noite,
lembras o que foi teu dia?
Que
gosto é que tem a carne
nos braços de tua mulher?
Quando
a cobres com teu corpo
e ela geme – te perturbas?
Tua
mãe passando o ferro
para passar tua roupa
não te inquieta ante o perigo
do choque ou da queimadura?
Quando
ficas muito tempo de pé
num só lugar não te cansas?
Dormes
num quarto sem ar
ou frio como uma geladeira?
Apagas
todas as lâmpadas
para descansar teus olhos?
Comes,
sempre, muito bem
mesmo com tanto trabalho?
E
qual a sensação
de receber mensalmente
a paga do teu serviço?
Tu
amas, comes e dormes
apesar do teu ofício?
De
que barro te fizeram
– torturador –
afinal?
Glênio Peres (1933 − 27 de fevereiro de 1988) foi um jornalista, ator e pol[itico brasileiro. Trabalhou nos já extintos Diário de Notícias e O Estado do Rio Grande e posteriormente colaborou com O Pasquim e a revista Cadernos do Terceiro Mundo.
Eleito vereador em Porto Alegre em três legislaturas (MDB), foi cassado com base no Ato Institucional Número Cinco em 2 de fevereiro de 1977. Após a anistia em 1979 foi um dos fundadores do PDT pelo qual conquistou seu quarto mandato de vereador e foi eleito vice-prefeito de Porto Alegre em 1985 na chapa de Alceu Collares.
Faleceu vítima de Câncer na capital gaúcha em 27 de fevereiro de 1988, onde, em sua homenagem, foi erigido o Largo Glênio Peres. É tio do jornalista Norberto Peres, que escreveu sua biografia.
Olá! Faço mestrado em Literatura e Cultura e durante as minhas pesquisas encontrei este poema. Poderia me confirmar se este poema foi publicado no livro de poemas "Caderno de Notíticias"? Desde já, grata.
ResponderExcluirEu li esse poema no CooJORNAL – um jornal de jornalistas gaúchos editado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, jornal já extinto.
ExcluirVocê ainda tem a edição desse jornal?
ExcluirNão tenho. Os exemplares devem estar só com colecionadores.
Excluirobrigada!
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