Por Cláudio Braz
Colônia Africana no bairro Mont’Serrat
Hoje, eu quero falar e dar destaque ao bairro Mont’Serrat, em Porto Alegre, lugar onde nasci.
Carrinho de lomba feito de rolimã descendo a toda velocidade a rua Freire Alemão, desviando do fanho Chupim que, com seu carrinho de mão adaptado com braseiro e uma lata, gritava, com voz estridente: “Olha o pinhão quente!”.
Alcebíades de Oliveira, motorneiro de bonde, foi um ilustre vereador da Capital. Nego Ciloca, sorriso grande e educado, sempre muito alinhado, no dedo um anel de doutor de Carnaval pelos Bambas da Orgia. Desacatado, brigava muito na mão, dava soco e pernada como ninguém.
Reduto de muita tradição no futebol e no samba, em todos os fins de semana havia festas animadas com um autêntico regional: Camanga e Cabeça nos violões; um surdo (tambor de marcação); Camanguinha no cavaco, Paulinho no pandeiro, era o amigo que me levava junto a essas festas para tocar agê.
No Carnaval, era grande a agitação. Na rua Mariland, Leo Lellis, no microfone, fazia a animação. Anunciava: “Vaga-lumes do Amor”, “Príncipes Regentes”, “Fidalgos e Aristocratas”, “Nós, os Democratas” e blocos de salão.
Na bacia, último reduto Quilombola, também chamada de Colônia Africana, aconteciam grandes peladas futebolísticas. À noite, o couro batia no ritmo do Candomblé.
Terno de linho com esmero e bom corte, calça boca-de-sino, de linho, tergal ou casimira, era Seu Afonso quem fazia. Tia Odete, na camisaria, era mestre no seu ofício.
A vida era diferente e as lembranças ficarão para sempre na memória da gente...
Ok
ResponderExcluirBelas lembranças 👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluir