Pontos de Vista
Os sinais de pontuação estavam
quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
- Esta
história já começou com um erro - disse a Vírgula.
- Ora,
por quê? -
perguntou o Ponto de Interrogação.
-
Deveriam me colocar antes da palavra “quando” - respondeu a Vírgula.
-
Concordo! -
disse o Ponto de Exclamação. - O certo seria:
“Os sinais de pontuação estavam
quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão”.
-
Viram como eu sou importante? - disse a Vírgula.
- E eu também -
comentou o Travessão. - Eu logo apareci para o leitor saber que você estava
falando.
- E nós? -
protestaram as Aspas. - Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para
chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
- O mesmo digo eu -
comentou o Dois-Pontos. - Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
- Estamos todos a serviço
da boa escrita! -
disse o Ponto de Exclamação. - Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos
colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
- Às vezes podemos alterar
todo o sentido de uma frase- disseram as Reticências. - Ou dar margem para outras
interpretações...
- É
verdade -
disse o Ponto. -
Uma pontuação errada muda tudo.
- Se eu aparecer depois da
frase “a guerra começou” - disse o Ponto de Interrogação - é apenas uma pergunta,
certo?
- Mas
se eu aparecer no seu lugar - disse o Ponto de Exclamação - é uma certeza: “A guerra
começou!”
- Olha
nós aí de novo -
disseram as Aspas.
- Pois
eu estou presente desde o comecinho - disse o Travessão.
- Há hora em que, para
evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois -
disse o Ponto e Vírgula. - E aí entro eu.
- O
melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz - disse a Vírgula.
-
Então, que nos usem direito! - disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.
Revista Nova Escola -
Edição Nº 165 - Setembro de 2003
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