Rua da Praia
Porto Alegre, tuas ruas têm
infinitas histórias
E em todas tuas rotas, vejo o
poeta e a poesia;
O escrito e o escrevente,
descrito nesta memória
Como o revoar das pombas, das
torres da reitoria...
Quem me dera, se eu fosse um
filho de Veríssimo
Ou um neto de Quintana, bem que
eu poderia ser
Para dar-te, Porto Alegre, um
verso muito ilustríssimo
E neles ilustrados as tuas ruas,
em teu lindo amanhecer...
Eu bem que poderia ser mais um
ipê da Redenção
E, num domingo de Bric,
desfolhar-me na Bonifácio
Anunciando o outono, no final de
mais um verão,
Enfeitando de flores as linhas
deste meu prefácio...
E de lá iria com o vento, ou,
quem sabe, ele eu seria
E assim eu correria pelo Guaíba,
do Gasômetro a Ipanema
E, assim, atravessaria os morros
da Glória até a Serraria
E, em Porto Alegre , eu me
esparramaria como um simples poema...
E minhas palavras chegariam até o
Moinhos de Vento
E passeariam pela Goethe até
findar-se na Mariante
E esboçariam, em palavras, este
meu grande sentimento
Depositadas em rimas, como uma
flor lapidada em diamante...
Porto Alegre, quem me dera se
tuas ruas falassem
E, no adentrar da noite, tuas
histórias pudesse me contar
Falar-me-iam dos passos na
madrugada, como se cantassem
As pegadas de Bebeto Alves, nas
ondas sonoras soltas no ar...
Há, em mim, um pouco do Menino
Deus, andando pela Getúlio,
Há, também, um pouco do punk,
desfilando pela Osvaldo,
Há todo aquele frio do vento na
Andradas nas manhãs de julho
E o caminho da Farrapos, do
centro até o São Geraldo...
Porto Alegre, lá me vou pela
Borges seguindo ao Beira-Rio
Ou, quem sabe, pela Azenha até o
Olímpico Monumental.
O vermelho e o azul
equilibrando-se ao teu meio-fio,
Em nessas tuas sendas, a história
de um outro Gre-Nal...
Nas tuas esquinas, meninos vendem
o Correio e a Zero Hora,
Trazem as notícias do que foi
ontem, mas não preveem o futuro.
Ah, Porto Alegre, os meus passos
eu firmo em ti agora
E observo, na Mauá, o detalhe de
um artista pintado no muro...
Ah, Porto Alegre, em tuas ruas um
povo que luta e protesta,
Os caras pintadas, colonos sem
terra, professores e suas sinetas.
Também há comemoração, trilegal
tuas ruas sempre abertas
Magia simples, casas antigas,
venezianas nas venetas...
Porto Alegre, quem me dera
morrer, e, assim, virar poeira
Esparramando-me pelas solas dos
sapatos, nas noites sem lua.
Assim, estaria nos teus caminhos
planos, até em tuas ladeiras
E me eternizaria, feliz, nos ladrilhos de tuas ruas...
E me eternizaria, feliz, nos ladrilhos de tuas ruas...
Marcos Ramos
"Porto Alegre,Quem me dera se tuas ruas falassem "
ResponderExcluirQuantas recordações...