domingo, 26 de outubro de 2014

Dois sonetos de Arthur Azevedo



Arthur Azevedo - 1855-1908

Ao som do Danúbio Azul


- Valsemos? - O seu nome? - Elisa. - Elisa?
Que lindo nome tem! - Acha? - Pudera!
- Acerte o passo... - Assim? - Mas não precisa
Apertar-me... É formosa! - Ai, que exagera!

- Oh, não cores: eu amo-te! - Quem dera
Fosse verdade... - Tenho-a por divisa...
- Acha-me leve? - Eu? - Vejo que me pisa!
- Parece-me valsar é uma quimera!

- Dá-me esse cravo? - Aqui? - Se lh´o não desse?
- Eu vou tirar-lhe da sedosa trança...
Agora um beijo! - Ai, mau! - Se lhe parece...

- Que fez... Um beijo?! - Agora, uma esperança...
... Mas felizmente a música emudece.
Se alguns momentos mais dura esta dança!...”

Impressões de Teatro

Que dramalhão! Um intrigante ousado,
Vendo chegar da Palestina o conde,
Diz-lhe que a pobre da condessa esconde
No seio o fruto de um amor culpado.

Naturalmente o conde ficou irado.
- O pai quem é? - pergunta. - Eu! - lhe responde
Um pajem que entra. - Um duelo! - Sim. Quando? Onde?
No encontro morre o amante desgraçado.

Folga o intrigante... Porém surge um mano,
E vendo morto o irmão, perde a cabeça:
Crava um punhal no peito do tirano.

E preso o mano, mata-se a condessa,
Endoidece o marido... e cai o pano,
                      Antes que outra catástrofe aconteça



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