segunda-feira, 15 de junho de 2020

De onde veio o cinema brasileiro



Rio de Janeiro, início do século XX: era na casa de espetáculos Chopp Cantante que se projetavam os filmes do nascente cinema brasileiro. O lugar também oferecia shows e números de circo e mágica.

1−Primeira Fase


→ Em 1889 começou a produção de filmes no Brasil, ainda chamados de “vistas animadas”. O imigrante italiano Alfonso Segreto, que já atuava no ramo de entretenimento no rio de Janeiro, comprou uma câmera na França e passou a filmar paisagens.

De 1906 a 1913, cresceu o volume de filmes brasileiros. As produtoras eram a Photo-Cinematographia Brasileira (1908), a Arnaldo & Cia. e a William & Cia. Entre 1908 e 1911, a produção se restringia a filmetes de baixa qualidade que reconstituíam crimes violentos e/ou passionais ou mostravam outros assuntos mundanos e popularescos.

2−Primeira Crise


→ O mundo evoluiu rapidamente na sétima arte. A indústria floresceu em outros países, enquanto no Brasil vivia sua primeira grande crise na área. A produção local mal chegava a meia dúzia de trabalhos por ano, com obras de curta duração e enredo sofríveis.

Francisco Serrador, cineasta do período de crise, era um imigrante espanhol que investia no ramo de entretenimento. Dono de vários cinemas, acabou criando, na primeira metade do século XX, o Circuito Serrador, rede de salas espalhadas pelas grandes cidades brasileiras. Foi ele quem concebeu a Cinelândia, inspirada na Times Square.

3−Primeira Obra-Prima


→ O cinema falado chegou ao Brasil em 1929, e o destaque dessa nova fase foi Ganga bruta (1933), de Humberto Mauro. Dos estúdios da Cinédia, o filme hoje é tratado como obra-prima. Quando estreou no Rio, porém, foi considerado o pior de todos os tempos.

Ganga bruta estava adiante de seu tempo, pois usou metáforas visuais. Só foi consagrado em 1952, na 1ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro. O filme mostra um engenheiro que mata a mulher na noite de núpcias. O enredo corre na forma de lembranças do protagonista: o namoro, as suspeitas de traição, o noivado e o crime.

4−Primeira atriz global


→ Nos anos seguintes, a carioca Cinédia lançou chanchadas, comédias musicais com cantoras do rádio e atrizes do teatro de revista. Alo, alô Brasil (1935) e Alô, alô Carnaval (1936) projetaram artistas como Carmen Miranda, que se tornou artista global.

A Cinédia se fez no contexto da Revolução de 1930, que transferiu o poder da oligarquia rural para a classe média urbana. Getúlio Vargas levou o cinema a buscar sua identidade como indústria de entretenimento. Outras companhias da época: Brasil Vita Filmes (1934), Sonofilmes (1937) e Atlândida (1942).

5−Primeiro Prêmio Internacional


→ A criação do estúdio Vera Cruz, em 1949, por empresários paulistas, atendia ao desejo de reconquistar o espaço perdido para o cinema estrangeiro e de fazer cinema em bases industriais. Faliu seis anos depois, mas deixou como legado 18 longas-metragens.

O Cangaceiro (1953), escrito e dirigido por Limas Barreto, com diálogos de Rachel de Queiroz, saiu da Vera Cruz. A obra ganhou o prêmio de “melhor filme de aventura” no Festival de Cannes, até hoje um dos mais importantes do planeta. A trilha sonora da história de Lampião e Maria Bonita foi a canção Olé muié rendeira.

(Da revista História Viva, de 2009)


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