quarta-feira, 17 de junho de 2020

Biliu de Campina, um forrozeiro brasileiro.



Coco pro Cão

Composição: D. Martins / Manezinho Silva.

Cambito, cuia, cabeçote de cangalha,
Careta, cara canalha, carrapeta e caçuá.
Caçote, coco, carrapato, catolé, carrapicho,
Cangapé, Calundum, cara, cará.
Cabaça cheia, caritó e cumpineira, caninana,
Capoeira, Cangati, cabra, corro.
Curimatã é cavalo do cão, cabresto
Cata cavaco no cesto, cazuza do cabrobó.

Chapéu de couro, caruara, curandeiro,
Curumim, cara, carreiro, cravinote e carimã.
Coivara, canga, caçuleta, caipira
Corisco, cara, cupira, casal de carapanã.

Conrado, corre chama comadre Cristina,
Camilo da Carolina e o Chagas Camaleão.
Chegou Chiquito, cabra chato pra chuchu,
Com cara de cururu, cantando o coco do cão.

Melhor do que Tu

Composição: Biliu De Campina / Juvenal De Oliveira.

Eu sei que sou desordeiro,
Desonrador e tarado,
Por deus amaldiçoado,
Trambiqueiro e maloqueiro,
Neto de catimbozeiro,
Parente de manitu,
Filho de surucucu,
Com gigolô de cortiço,
Provo que sou tudo isso,
Mas sou melhor do que tu!

Faço arrastão na praia,
Roubando e marcando passo,
Tudo o que vier eu traço,
Entro no meio da gandaia,
Tiro a calça e visto saia,
Com pomba gira e exu,
Faço o maior sururu,
Na mãe de santo dou cheiro,
Chifro o dono do terreiro,
Mas sou melhor do que tu!
Falo de tudo que vejo,
Tudo o que não presta eu faço.
Dou coice em vez de abraço,
Dentada em lugar de beijo,
Sou sangue de percevejo,
Nascido em carandiru,
Enguiço até urubu,
Sou a caixa do azar,
Lasco um só no olhar,
Mas sou melhor do que tu!

Sou todo cheio de pantim,
Moleque de vida torta.
Sou arrombador de porta,
Xeleléu de mulher ruim,
Pau d'água de botequim,
Colete de couro cru,
Espinho de caititu,
Futucando uma pantera,
Me casei com a besta fera,
Mas sou melhor do que tu!

Sou bebedor de cachaça,
Assaltante e desertor,
Caloteiro e impostor,
Caço uma briga de graça,
Bebendo no meio da praça,
Tiro a roupa e fico nu,
Fedegoso igual timbu,
Gosto de fumar maconha,
Pobre, liso e sem vergonha,
Mas sou melhor do que tu!

Entrei numa bebedeira,
Casei em taba lascada,
Com uma bicha desonrada,
Que tinha vindo da feira.
Fiquei cheio de gafeira,
Pintado só cururu,
Fiz o maior sangangu,
Da mulher já apanhei,
Toda venérea peguei,
Mas sou melhor do que tu!

Sou da pior catrevagem,
Sou vendedor de muamba,
Sou acabador de samba,
Contador de pabulagem,
No quadro da sacanagem,
Ninguém quebra o meu tabu.
Roubo mais que guabiru,
Sou chefe de vagabundo,
Pior do que todo mundo,
Mas sou melhor do que tu!

Quebrado que nem um caco,
Com a vida pelo meio,
Já estou de saco cheio,
De viver enchendo o saco.
Não posso ver um buraco,
Sou igual a candiru,
Fiz doutorado em rebu,
Sou feroz e violento,
Eu dou pontapé no vento,
Mas sou melhor do que tu!


Severino Xavier de Souza (Campina GrandePB, 1º de março de 1949), mais conhecido como Biliu de Campina é um compositor, cantor e advogado brasileiro.

Formou-se em direito, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), mas trocou a advocacia pela música em 1978 quando iniciou a carreira artística, resgatando o forró de raiz. Biliu é um forrozeiro que transita pela sua cidade natal tranquilamente, sendo um referencial e um patrimônio cultural da cidade. É fácil encontrá-lo no meio dos turistas no Parque do Povo e horas depois está em cima do palco fazendo show.

Se auto-intitula como o maior carrego de Campina Grande. Critica as bandas de forró eletrônico e forró universitário, classificando-os como sendo travestis de forrozeiros, que aparecem como balão junino; fazendo forró a força e dizendo que estão dando força para o Forró.

Biliu lançou três discos independentes: Tributo a Jackson e Rosil; Forró O Ano Inteiro e Matéria Paga. E lançou dois CDs independentes: Do Jeito Que O Diabo Gosta e Forrobodologia. Em 2002 mantendo seu lado irreverente, lança: Diga Sim A Biliu de Campina, trocadilho da campanha nacional do Combate a Pirataria: Diga Não a Pirataria.

O Forró de Biliu tem toda a essência dos forrós tradicionais, com um suingue característicos dos discípulos de Jackson e uma irreverência no duplo sentido das letras que mostra bem toda a malicia e o bom humor nordestino. Biliu mantém um trabalho local por opção e por falta de oportunidade de mostrar seu trabalho a nível nacional; não quer se desgastar no sudeste, batendo portas lacradas e trocado por modismo do mercado fonográfico.

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