sexta-feira, 12 de junho de 2020

Obras imperdíveis




Dos mais belos projetos de Oscar Niemeyer, selecionamos oito, abrangendo desde os primórdios da carreira até os dias atuais.

Igreja de São Francisco de Assis (1940)
Belo Horizonte (MG)


A igreja é um dos destaques do Conjunto da Pampulha: “Era um protesto que eu levava como arquiteto, de cobrir a igreja de curvas, das curvas mais variadas, essa intenção de contestar a arquitetura retilínea que então predominava”. Burle Marx desenhou os jardins. Os baixos-relevos em bronze do batistério foram esculpidos por Alfredo Ceschiatti. Por sua forma não ortodoxa e pelo mural moderno pintado por Portinari, as autoridades eclesiásticas não autorizaram a consagração da igreja. Cultos só passaram a ser celebrados a partir dos anos 1960.

Edifício Copan (1951)
São Paulo (SP)


Localizado na região central, é um dos projetos de Niemeyer para as comemorações do quarto centenário da cidade, celebrado em 1954. Nos 1.160 apartamentos, divididos em seis blocos e 37 andares, vivem hoje cerca de 5 mil pessoas. É a maior estrutura de concreto armado do País.

Congresso Nacional (1958)
Brasília (DF)


Dos prédios projetados por Niemeyer na Praça dos Três Poderes, o do Congresso é o seu preferido. “Quando alguém vai a Brasília eu pergunto se viu o Congresso Nacional, e pergunto depois se gostou, se achou que o projeto era bom. Certo de que ela podia ter gostado ou não, mas nunca podia dizer que tinha visto antes coisa parecida.”

Catedral Metropolitana (1958)
Brasília (DF)


O interior da igreja recebe luz natural pelos vitrais pintados por Marianne Peretti. A Via Sacra é de Di Cavalcanti; os azulejos no batistério, de Athos Bulcão. “Evitei as soluções usuais das velhas catedrais escuras, lembrando pecado. Ao contrário: fiz escura a galeria de acesso à nave, e esta, toda iluminada, colorida, voltada com seus belos vitrais transparentes para os espaços infinitos.”

Sede do partido Comunista Francês (1967)
Paris (França)


Niemeyer levou apenas três dias para desenhar a planta do edifício. “Minha preocupação foi guardar no térreo o equilíbrio desejado entre volumes e espaços livres. Meu intuito era marcar um princípio importante da arquitetura, que, pela Europa, nem sempre era bem entendido.” Na França, os refeitórios dos assalariados costumam ser localizados no subsolo dos imóveis. Niemeyer fez diferente: instalou o refeitório no último andar, para que os trabalhadores pudessem aproveitar a luz natural e a vista de Paris. O prédio abrigará neste ano (2007) uma exposição em homenagem ao centenário do arquiteto.

Editora Mondadori (1968)
Milão (Itália)


Na fachada da editora, Niemeyer buscou manter um jogo harmonioso de volumes e espaços livres. “Fiz as colunas variando o vão: vão de 15 metros, de 3 metros, de 5 metros, de 6 metros. Era uma ideia que me ocorreu, uma ideia ʽmusicalʼ, vamos dizer.” O arquiteto italiano que trabalhou no projeto não gostou da ousadia. Quis fazer colunas de 8 em 8 metros, mas a criação de Niemeyer prevaleceu.

Centro Cultural de Le Havre (1972)
Le Havre (França)


Projeto tombado como patrimônio histórico pela Unesco. Niemeyer chegou ao local, localizado à beira do mar, e disse ao prefeito que, para proteger a praça do frio e dos ventos, queria afundá-la 4 metros. Apesar de espantado, o dirigente autorizou. “Você anda pela calçada e está vendo a praça embaixo”, explica Niemeyer. “Você é convidado a descer porque tem um teatro dentro dela, o sujeito desce e vê a praça. Essa característica a faz diferente de todas as outras da Europa.”

Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1991)
Niterói (RJ)


“A arquitetura tem que ser fácil de explicar. Quando cheguei ao espaço destinado ao museu, vi a paisagem, e o mar defronte. Aí, as montanhas do Rio. Uma paisagem que eu tinha de preservar. Então subi o prédio, mantive a paisagem, com o museu solto no ar.”

Museu Oscar Niemeyer (2002)
Curitiba (PR)


Niemeyer projetou em 1967 o edifício, que inicialmente abrigaria um instituto de educação. O prédio, no entanto, acabou sendo usado como sede de secretarias e outros órgãos administrativos do Paraná. Em 2001, o governo do Estado resolveu transformar o complexo em um museu, convidando o arquiteto para desenhar um novo anexo, que ficou conhecido popularmente como Olho. “Lá está o museu a surpreender a todos que passam. Uma arquitetura que foge a tudo que viram antes. Toda feita de audácia, de técnica e de fantasia.”

(Do Almanaque de Cultura Popular, TAM, agosto de 2007)


Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012) foi um arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Niemeyer foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cívicos para Brasília, uma cidade planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem como por sua colaboração no grupo de arquitetos indicados pelos Estados-membros da ONU que projetaram a sede das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Sua exploração das possibilidades construtivas do concreto armado foi altamente influente na época, tal como na arquitetura do final do século XX e início do século XXI. Elogiado e criticado por ser um “escultor de monumentos”, Niemeyer foi um grande artista e um dos maiores arquitetos de sua geração por seus partidários. Ele alegou que sua arquitetura foi fortemente influenciada por Le Corbusier, mas, em entrevista, assegurou que isso “não impediu que [sua] arquitetura seguisse em uma direção diferente”.

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