Pedro
Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar, governador de São
Paulo e Minas Gerais, assumiu em 1717. A Câmara de Guaratinguetá notificou
pescadores para que trouxessem o melhor peixe para a refeição do governador visitante.
Partiram
cedo. Lanços sucediam-se em vão nas águas. Até que a tarrafa afunda e os braços
puxam-na sem esperança. Enrolada na malha, quase negra, uma figura vem do fundo
do rio. Uma imagem feminina, de barro cozido, mãos postas. Uma santa. Outro
lanço traz a cabeça. Imagem de Nossa Senhora de invocação desconhecida. Obra de
santeiro anônimo, trazida à veneração de três pescadores paulistas. Agora, na
tarrafa não cabem mais tantos peixes. Cada lanço, uma torrente. Os pescadores
cantam de alegria. Chamam a santa de Virgem Parecida, porque apareceu em
entrega espontânea.
Um
deles, Filipe Pedroso, fica com a imagem. Conservou durante anos em Itaguaçu,
lugar do encontro, e passou a imagem ao filho. A Virgem presidia orações
domésticas. Uma noite, lufada de vento apaga as velas. Antes que alguém as
reacenda, iluminam-se, resplandecentes. A fama se espalha. O lugar ganha outro
batismo. Aparecida.
O
vigário de Guaratinguetá construiu capelinha e celebrou a primeira missa em
1745. Milagres levaram o nome da santa por todos os recantos. Romaria,
promessas. A aldeia cresce. Ergue um templo, inaugurado em 1888. Vira basílica
em 1909.
No
altar-mor, em Aparecida do Norte, com manto de estrelas, coroa de ouro, mãos
postas, está a Virgem, que apareceu das águas pelas mãos de pescadores,
declarada pelo Papa Pio XI “Padroeira Principal de todo o Brasil”.
Do “Almanaque Brasil de Cultura Popular”,
da TAM, outubro de 2003
P.S.
A imagem encontrada no rio era de Nossa Senhora da Conceição (Concebida), que
apareceu na rede de peixe dos pesadores e ficou sendo, por esse fato, Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
santa que depois, desse acontecimento histórico, passou a ser a Santa Padroeira
do Brasil.
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