quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

“Entre sem bater”

 Barão de Itararé:

a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo 

André Bernardo 

Do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil

Na manhã de 19 de outubro de 1934, o jornalista gaúcho Apparício Torelly (1895-1971) saía de casa em Copacabana, no número 188 da rua Saint-Romain, rumo ao Centro, onde trabalhava, quando seu carro, um Chrysler, foi interceptado por dois veículos. Cinco homens, alguns deles armados, sequestraram o editor do Jornal do Povo. 

“Tem família?”, perguntou um dos sequestradores, já com os carros batendo em retirada. “Isso não vem ao caso”, respondeu o sequestrado. “Nem é da conta dos senhores”. “Escreva despedindo-se”, continuou o sujeito. “É um favor que lhe prestamos”. “Dispenso-o”, retrucou a vítima. 

Logo, Torelly descobriu que os homens que se diziam policiais eram, na verdade, oficiais da Marinha. Estavam indignados com a publicação de um folhetim sobre a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Cândido (1880-1969), o Almirante Negro. Como Torelly se recusou a suspender a publicação, que denunciava os maus-tratos na Marinha, foi espancado. 

Os sequestradores cortaram seus cabelos, furaram os pneus de seu carro e o abandonaram, quase nu, num local deserto. Na tarde daquele mesmo dia, uma sexta-feira, depois de voltar para a redação, Torelly pendurou, na porta de sua sala, uma placa com os dizeres: “Entre sem bater”. 

(...) 

(Do Blog BBC NEWS)

P.S. Leia a matéria completa com título Barão de Itararé: a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo, de André Bernardo no Blog BBC NEWS.

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