Continho
Jorge César Alvim
Morreu aos vinte e oito anos e já não foi cedo. Aos dezoito matara um homem pela primeira vez. E desde então completara mais mortes do que anos de idade.
O inesperado foi a maneira por que deixou a vida. Em sua casa todos se surpreenderam quando o amigo, que assistira a seu fim, deu a notícia:
− Morreu como um passarinho...
−
Ah! Suspiraram espantados.
Completou ao amigo:
−
Crivado de chumbo.
Rui C. Lisboa
Deu
um jeitinho − no Brasil, sabeis, dá-se para tudo − e arranjou cartão de
apresentação para o tenente. Uma semana passou e já estava de apresentação do
tenente para o capitão. O cartão seguinte foi de apresentação ao major. Não
demorou e o próximo objetivo estava atingido − a estrela e as duas gemadas do
tenente ao tenente-coronel. Outro cartão apresentando-o, e muitas recomendações
ao coronel. Do coronel ao general presidente da Comissão de Investigação Contra
a Corrupção e Desvio de Dinheiro Público (sigla para facilitar CICCDDP), que
despachou:
“Vamos
atender ao seu pedido de acompanhar os trabalhos da Comissão. Mas o senhor é
jornalista ou apenas patriota?”
−
Não, senhor general, para falar a verdade, estou querendo é pegar o macete
desse negócio de corrupção que é pra ver se arrumo minha vida.
Mário Jorge Rodrigues
Não
havia dúvida, aquele era o seu dia de sorte. Afinal conseguira o emprego, que
fazia tanto eles esperavam, a nega ia vibrar. Será que ia mesmo? E por que não:
Com alguma economia eles poderiam ter geladeira, televisão, uma vitrola e um
violão. Ah! Um violão, isso seria a primeira coisa que iria comprar.
Ainda
pensava em tudo isso quando abriu a porta do barraco e viu a mulher cozinhando.
Foi logo dizendo:
−
Maria, tá arranjado. Segunda-feira, às oito horas, sem falta. O lugar é teu!
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