segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Humor do Almanhaque

A seca

Para dar uma ideia do que é a tragédia da seca no Nordeste brasileiro, um sertanejo retirante explicava:

“Em tempo de seca, de bicho de cabelo só quem escapa é escova; de bicho de fôlego só quem escapa é fole. De animal de quatro pés só fica vivo é tamborete...”

                                           Maneiras de dizer

Os sertanejos nordestinos, quando fazem compras, não perguntam ao comerciante, como nós:

− “Quanto é?” ou − “Quanto custa?”

No seu linguajar pitoresco, o caboclo indaga:

− Quanto tem que dá se fô pagá?

                                                 A doença

O Inacinho, filho do Chico Inocenço, andava meio gira, “com os parafusos frouxos’. Levado ao médico, este começou a auscultá-lo, quando o pai, evitando falar em loucura ou doidice, observou:

− Doutô, a doença dessa criatura e da taba dos queixo pra riba...

                                           Quem é que pode saber?

Improviso de José Soares, violeiro pernambucano

Ela não conta o que eu fiz;

Eu não conto o que ela fez.

Nós fizemos uma vez...

Eu não digo, ela não diz.

Até hoje não quis

Dar ao povo a conhecer...

Eu também não vou dizer

O que se passou comigo...

Ela não diz, eu não digo,

Quem é que pode saber?

Cabras do chapéu de palha,

Barbicacho de tucum,

Cabras assim deste gosto

Dum cento se tira um.

Eu agora vou dizer

Qual é o bom da galinha:

É o ovo mais o sal,

Misturado com farinha...

As cobras do anel

As duas cobras, que estão no anel do médico, significam que o médico cobra duas vezes, isto é, se cura, cobra, e, se mata, cobra.

(Do “Almanahaque,” do Barão de Itararé,

2◦ semestre de 1955)

 


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