→ Há pessoas que dão tudo de si.
Dessas eu não quero nada.
→ Há pessoas que se apaixonam
umas pelas outras. São em número bem menor do que aquelas que se apaixonam por
si mesmas.
→ Há pessoas que são capazes de
tudo por um orgasmo. Algumas até copulam.
→ Há pessoas
que acham que quem trabalha de graça é relógio. Nem se dão conta do preço das
pilhas dos modelos digitais e do custo de consertos dos mecanismos à corda.
→ Há pessoas
que realmente fazem o bem sem olhar a quem. Desde que estejam sendo vistas
neste ato.
→ Há pessoas
que têm tudo para fazerem felizes os seus semelhantes. Mas sempre demoram muito
a morrer.
→ Há pessoas
que pegam o trem andando, o bonde errado ou embarcam em canoa furada.
Geralmente se tornam secretários ou ministros dos transportes.
→ Há pessoas
que passam dos limites. Dentro do possível.
→ Há pessoas
que não têm nada a esconder e outras que nada têm a mostrar. Assim mesmo são
exibicionistas.
→ Há pessoas
que lutam por um mundo melhor. O delas.
→ Há pessoas
que não temem nem a fúria dos deuses. Aliás, dão graças a Deus por este
destemor.
→ Há pessoas
que apostam tudo no futuro. Ainda bem que o Jockey Clube aceita pules
antecipadas.
→ Há pessoas
que põem a liberdade acima de qualquer coisa. E há as que não conseguem pular o
muro da penitenciária.
→ Há pessoas
que só dão mancadas. Sem coxear.
→ Há pessoas
que sonham com dias melhores. Mereciam calendários melhor ilustrados e mais bem
impressos.
→ Há pessoas
que acreditam em tudo. Por
isso são desacreditadas.
(Fraga e as pessoas – coluna do Luís
Fernando Veríssimo
ZH de 10.12.81)
ZH de 10.12.81)
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