sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Gabinete de identificação


(Primeiros trabalhos de datiloscopia em Porto Alegre)


Juan Vucetich,
criador do processo de identificação pelas impressões digitais
Crédito: Charge de Cao / CP

O Dr. Cândido Reis, diretor dessa repartição, que funciona anexa à Chefatura de Polícia, tem dirigido ofícios às companhias de seguros, aos estabelecimentos de crédito, às sociedades anônimas e a outras associações, mostrando vantagens da datiloscopia na prova da identidade pessoal. Com o novo modelo de carteiras portáteis, qualquer pessoa pode provar a sua identidade sem recorrer a justificações e outros meios. No ofício dirigido à Congregação da Faculdade de Medicina e Farmácia, o Dr. Cândido Reis, que é fiscal do governo federal junto a esse estabelecimento, opina que se substitua a prova de identidade do candidato á matricula, conforme determina o Código de Ensino, pelas cadernetas dactiloscópicas da Chefatura de Polícia. Atualmente, essa exigência legal é satisfeita com o testemunho de duas pessoas. O processo Vucetich, ora adotado na policia de Porto Alegre para identificação, é o mais aperfeiçoado, porque a impressão digital é um meio eficaz de se provar a identidade, mesmo até á decomposição cadavérica. Os de Lombroso, Bertillon e outros métodos caíram, diante do adotado por Vucetich. O Dr. Cândido Reis muito se tem empenhado para dotar a nossa estatística civil e criminal de um serviço completo.

Correio do Povo de 24.06.1910

Juan Vucetich Kovacevich, nascido aos 20 de Julho de 1858 na cidade de Dalmácia Império - Austro-húngaro - (ex-Iugoslávia), naturalizou-se argentino, e, aos 24 anos de idade, ingressou na polícia de La Plata - Buenos Aires. Vucetich foi incumbido de trabalhar no setor de identificação de La Plata, ainda com o sistema de Bertillonage. Após tomar conhecimento dos trabalhos de Galton, inventou o seu próprio sistema de arquivamento e identificação através das impressões digitais dando-lhe o nome de Icnofalangometria. Em 1º de setembro de 1891, seu sistema foi implantado na chefatura de polícia de La Plata, onde foram identificados 23 presos.

A ele deve-se também o primeiro caso autêntico de identificação de um autor de crime através das impressões digitais, ocorrido 1892 , quando uma mulher chamada Francisca Roja mata dois filhos, corta a própria garganta e acusa um seu vizinho como sendo o criminoso. A Polícia encontra na porta da casa a marca de vários dedos molhados de sangue. As impressões encontradas coincidiam exatamente com as de Francisca, que é tida como verdadeira culpada.

No ano de 1894, o argentino Francisco Latzina publicou no jornal “La Nacion”, de Buenos Aires, um artigo no qual critica favoravelmente o sistema de Vucetich, sugerindo, entretanto, que o nome Icnofalangometria, fosse substituído por datiloscopia

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