Decálogo
eletivo
Fraga
I
Eleições, como as salsichas, nem
queira saber como são feitas. Ou desfeitas tempos depois, por um vice ou por um
concorrente derrotado nas urnas, ou por ambos.
II
Eleições é o processo mais limpo de eleger futuros
processados.
E há indícios de que seja a
melhor forma de escolher novos indiciados. Embora os eleitores condenem
previamente muitos candidatos, apesar das culpas no cartório raros são de fato
condenados à não eleição.
III
Eleições é uma espécie de peneira
para separar o joio do trigo. Assim, os joios mais votados formarão os novos
legislativos e executivos. Simples assim.
IV
Eleições: o grande momento
nacional em que o país se prepara para tentar sair do fundo do poço, mas
esquece que de 4 em 4 anos o fundo do poço fica 4 anos mais abaixo.
V
Eleições é aquele passo mais
esperançoso que uma nação pode dar olhando pro futuro, enquanto o futuro se
afasta à medida que os candidatos de sempre fazem as mesmas alianças sacanas.
VI
Eleições é um cheque ao portador
que o eleitorado oferece ao regime democrático para que os eleitos o preencham
e o descontem em causa própria, onde o principal favorecido é sempre o
corporativismo político.
VII
Eleições é o sistema mais organizado de selecionar os mais
desordeiros, o sistema mais avançado para eleger despreparados, enfim, o
sistema mais confiável de selecionar os menos confiáveis.
VIII
Eleições é algo tão sério que
cada eleito devia jurar pelo que há de mais sagrado que dessa vez, só pra
variar, vai ser honesto e responsável do primeiro ao último dia do mandato.
Embora saibamos todos que de sagrado não há mais nada.
IX
Eleições, todos sabem, começam
com promessas inacreditáveis ouvidas por crédulos e crentes, e terminam com
falsas promessas de eleitores de jamais votar de novo em candidatos
prometedores.
X
Eleições vêm e vão, vêm e vão, vêm e vão, vêm e vão, vêm e
vão. Sempre em vão.
Jornal EXTRA
CLASSE.ORG.BR
(Janeiro de 2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário