quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O poema e suas paródias


Francisco Otaviano de Almeida Rosa
(1825-1889)

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu!

→ Nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Além de brilhante jornalista foi, também, deputado, senador e diplomata. Nesta função negociou o Tratado da Tríplice Aliança contra Solano Lopez. Suas principais obras são: Cantos de Selma, publicado em 1872, edição de sete exemplares, Traduções e Poesias. É um dos patronos da Academia Brasileira de Letras.

→ A titulo anedótico, conheçamos duas das muitas paródias feitas na ocasião, para infernizar o poeta.

Quem passou numa casa o dia inteiro,
E das carteiras o pó não sacudiu,
Quem nunca de manhã levou tinteiro,
E o gosto de um “carão” nunca sentiu,
Foi de caixeiro espectro e caixeiro,
Veio ver se servia e não serviu!

→ E ainda:

Quem passou na cacimba a noite inteira
E só de manhã cedo se tirou,
Quem foi ver se passava na carreira
E pra dentro da mesma escorregou,
Foi o gato da min há cozinheira,
Que foi ver se nadava e não nadou!

Uma questão de vestibular

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Este poema pertence à estética romântica porque:

(a) sugere que o leitor, para ser feliz, viva alienado e distante da realidade.
(b) são explícitas as referências a alguns cânones do Catolicismo.
(c) expõe os problemas sociais que afetavam a sociedade da época.
(d) nele se percebe a vassalagem amorosa, isto é, a submissão do homem em relação à mulher.
(e) sugere que é importante viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana.

P.S. A alternativa certa para a questão acima é a (e).



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