terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Editores

(Em qualquer época, em qualquer parte do mundo)


Esta história é dirigida aos editores, para que se orgulhem da maravilhosa cortesia que caracterizava seus colegas chineses, isso na época em que eles tinham tempo para o cerimonial e para o uso da hipérbole. Através do Tit-Biss, ficamos sabendo que há meio século atrás um editor chinês, para recusar um trabalho que lhe fora enviado, escreveu a seguinte carta ao pretendente:

“Nobilíssimo irmão do sol e da lua! Vosso escravo se inclina profundamente diante de vós. Beijo a terra que está diante de vossos pés e peço permissão para viver e falar. O vosso manuscrito irradiou uma luz intensa diante de nossos olhos e da nossa mente. E o lemos com entusiasmo. Mas nunca nossos olhos viram trabalho que pela argúcia, pela profundeza, pela vastidão do saber, possa comparar-se ao vosso. Temendo perdê-lo, vo-lo restituímos. Se não ousamos profanar esse escrito publicando-o, nosso diretor não deixa de considerá-lo um modelo, e acredita que não dará à publicidade mais nada que a ele se possa comparar. Mas sua longa experiência permite mandar dizer-vos que gemas tão preciosas só aparecem de mil em mil anos”.

(Do livro “Grande Anedotas da História”, de Nair Lacerda*)


*Nair Veiga Lacerda, 18 de julho de 1903, Santos, São Paulo − 29 de agosto de 1996, Santo André, São Paulo, foi uma escritora, tradutora e jornalista brasileira. Filha do jornalista Alberto Veiga, estreou como cronista em 1932, no jornal A Tribuna. Ganhou o 4º Prêmio Jabuti na categoria melhor tradução, pela sua versão de As Mil e Uma Noites em oito volumes para a Editora Saraiva.

Foi a primeira secretária municipal de Educação, Cultura e Esportes de Santo André, assumindo o cargo em 1964 e nele permanecendo até 1969. À frente da Secretaria, criou as bibliotecas municipais (Central, Infantil, Circulante e Sala Braille) e a Biblioteca Distrital Cecília Meireles.

Escreveu o conto Nhá Colaquinha, Cheia de Graça, que inspirou o filme A Primeira Missa (1961), de Lima Barreto.

Após a sua morte, a biblioteca central de Santo André recebeu o nome de Biblioteca Nair Lacerda.

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