(Em qualquer época, em qualquer parte do mundo)
Esta história é dirigida aos
editores, para que se orgulhem da maravilhosa cortesia que caracterizava seus
colegas chineses, isso na época em que eles tinham tempo para o cerimonial e
para o uso da hipérbole. Através do Tit-Biss,
ficamos sabendo que há meio século atrás um editor chinês, para recusar um
trabalho que lhe fora enviado, escreveu a seguinte carta ao pretendente:
“Nobilíssimo irmão do
sol e da lua! Vosso escravo se inclina profundamente diante de vós. Beijo a
terra que está diante de vossos pés e peço permissão para viver e falar. O
vosso manuscrito irradiou uma luz intensa diante de nossos olhos e da nossa
mente. E o lemos com entusiasmo. Mas nunca nossos olhos viram trabalho que pela
argúcia, pela profundeza, pela vastidão do saber, possa comparar-se ao vosso. Temendo
perdê-lo, vo-lo restituímos. Se não ousamos profanar esse escrito publicando-o,
nosso diretor não deixa de considerá-lo um modelo, e acredita que não dará à
publicidade mais nada que a ele se possa comparar. Mas sua longa experiência
permite mandar dizer-vos que gemas tão preciosas só aparecem de mil em mil
anos”.
(Do livro “Grande
Anedotas da História”, de Nair Lacerda*)
*Nair Veiga Lacerda, 18 de julho
de 1903, Santos, São Paulo − 29 de agosto de 1996, Santo André, São Paulo, foi
uma escritora, tradutora e jornalista brasileira. Filha do jornalista Alberto
Veiga, estreou como cronista em 1932, no jornal A Tribuna. Ganhou o 4º Prêmio
Jabuti na categoria melhor tradução, pela sua versão de As Mil e Uma Noites em
oito volumes para a Editora Saraiva.
Foi a primeira secretária
municipal de Educação, Cultura e Esportes de Santo André, assumindo o cargo em 1964 e nele permanecendo
até 1969.
À frente da Secretaria, criou as bibliotecas municipais (Central, Infantil,
Circulante e Sala Braille) e a Biblioteca Distrital Cecília Meireles.
Escreveu o conto Nhá Colaquinha,
Cheia de Graça, que inspirou o filme A Primeira
Missa (1961),
de Lima Barreto.
Após a sua morte, a biblioteca
central de Santo André recebeu o nome de Biblioteca Nair Lacerda.
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