A sensível percepção de mundo
em alguns
poemas de Helena Kolody.
“Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.”
Helena Kolody nasceu em 1912 e faleceu em 2004, no Paraná. Primogênita de imigrantes ucranianos, ela mesma assim nos conta em seus versos:
Vim
da Ucrânia valorosa,
que foi Russ e foi Rutênia.
Vim de meu berço selvagem,
lar singelo à beira d’água,
no sertão paranaense.
Feliz menina descalça,
vim das cantigas de roda,
dos jogos de amarelinha,
do tempo do “era uma vez…”
Infância (1951)
Pão
feito em casa,
Com mel dourado,
Cheirando a favo.
No campo, recendente a camomila.
Alegria de correr até cair.
Do tempo, só se sabia
Que no ano sempre existia
O bom tempo das laranjas
E o doce tempo dos figos…
Prece (1941)
Concede-me,
Senhor, a graça de ser boa,
De ser o coração singelo que perdoa,
A solícita mão que espalha, sem medidas,
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira d’alma alheia o espinho que magoa.
Console
Se
a ambição da riqueza te extenua,
Olha o jogo das crianças na calçada.
Somente o jogo é seu, nem tem mais nada…
De riqueza não sei maior que a sua.
Helena
Kolody nasceu em Cruz Machado, PR, em 12 de outubro de 1912, e faleceu em
Curitiba, PR, em 15 de fevereiro de 2004. Estreou com a coletânea de poemas
Paisagem interior, em 1949. É apontada como a primeira mulher a escrever e
publicar haicais no Brasil. Trabalhou como professora e escreveu e publicou
vários livros de poesia durante a vida.
Helena Kolody na poesia e Dalton Trevisan na prosa merecem figurar em qualquer antologia de literatura brasileira. Trevisan é reconhecido como um dos maiores contistas brasileiros. Helena Kolody não teve a projeção que merecia.
ResponderExcluirCompletando: ambos são paranaenses.
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